A Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA) foi obrigada a suspender as atividades de monitorização e vigilância na zona costeira da Croácia devido à queda de dois drones da Força Aérea Portuguesa. A EMSA confirma que os drones da Força Aérea Portuguesa realmente caíram durante missões de vigilância da costa croata, mas não fornece detalhes sobre datas, circunstâncias, locais ou causas da queda dos dois aparelhos.
Questionada pela Exame Informática, a Agência Europeia revela apenas que a missão com os drones e operadores da Força Aérea Portuguesa «começou em 29 de setembro de 2018 e foi suspensa a 22 de dezembro de 2018». Ainda não há notícias do regresso dos drones e operadores portugueses à Croácia.
Num e-mail oficial, a EMSA reitera que a missão na Croácia «não foi cancelada, mas sim suspensa até que o consórcio proceda à reparação da aeronave». A Força Aérea Portuguesa também não fornece detalhes sobre as missões sinistradas, nem confirma se a interrupção do serviço de monitorização se deve à inexistência de drones em condições para levar a cabo as operações.
«Não pode o Consórcio, sem autorização prévia expressa pela EMSA, prestar quaisquer esclarecimentos públicos. Em conformidade com o exposto sugere-se que todos os pedidos de esclarecimento relacionados com as missões atrás referidas sejam remetidos diretamente à EMSA», informa um e-mail oficial do Gabinete de Relações Públicas da Força Aérea.
A Exame Informática contactou fontes anónimas alheias à EMSA e à Força Aérea que garantem que os drones sinistrados terão cerca de 40 quilos de peso. Uma das fontes refere que os dois drones tiveram fins distintos: um primeiro ter-se-á despenhado no mar; enquanto um segundo caiu com aparato e consequentes danos numa pista de aterragem na Croácia. Uma outra fonte informa que ambos veículos voadores não tripulados se terão despenhado no mar. Nenhum destes dados foi confirmado pelas entidades envolvidas nas missões de vigilância na Croácia.
Na página da UAVision, é possível descobrir informação sobre um drone com a denominação de Ogassa OGS42, que tem vindo a ser usado pela EMSA. O Ogassa OGS42 consegue alcançar velocidades de cerca de 130 Km/h, pesa 38 quilos, tem uma envergadura de 2,5 metros e dispõe de uma autonomia energética para 10 horas de voo.
No site da Academia da Força Aérea, surgem fotos que foram tiradas por ocasião da visita do então Chefe de Estado Maior da Força Aérea Manuel Teixeira Rolo (que deixou o cargo em fevereiro) ao aeroporto da Ilha de Brac, em novembro de 2018. Nas fotos, é dado destaque a um dos drones usados nas missões aéreas na zona costeira da Croácia.
A Força Aérea Portuguesa participa nas missões de vigilância em consórcio com as empresas portuguesas UAVision e a Deimos Engenharia, que têm vindo a trabalhar no desenvolvimento e fabrico de drones e ferramentas relacionadas com a aeronáutica. O consórcio foi escolhido pela EMSA, após concurso internacional para o fornecimento de drones, operacionais e demais ferramentas que deverão ser usadas na monitorização da emissão de gases poluentes junto de navios que atravessam as águas comunitárias, a distâncias que podem chegar aos 80 quilómetros da costa.
O contrato assinado em 2016 terá fixado um teto de 10 milhões de euros para o consórcio liderado pela Força Aérea. Uma vez assinado o contrato, o consórcio português fica responsável por disponibilizar drones, operadores e demais ferramentas, sempre que a EMSA recebe uma solicitação das autoridades de um estado membro. Durante os quatro anos de contrato (cuja contagem se iniciou em 2017), cada uma dessas solicitações é contabilizada até perfazer o já referido teto de 10 milhões de euros.
A missão croata é uma das missões contempladas pelo contrato assinado em 2016, explica a EMSA. As missões de vigilância no mar Adriático valeram ao consórcio português um total de 800 mil euros. «Uma vez que o contrato ainda está a decorrer, não haverá lugar a aplicação da lógica de devolução do dinheiro (recebido pelo consórcio)», explica a EMSA, acrescentando ainda: «Nenhuma penalização foi aplicada na sequência do motivo que levou à suspensão (da missão na Croácia)».
A Agência Europeia refere ainda que não foi solicitada a participação de qualquer entidade ou consórcio, a título de substituição temporária ou permanente da equipa e dos drones portugueses. «Os utilizadores croatas (as autoridades locais) estão entusiasmados com o reinício das operações, quando as aeronaves estiverem outra vez disponíveis. O que demonstra a satisfação destes utilizadores com os serviços da EMSA», conclui a Agência Europeia.