«Sem segurança não há desenvolvimento económico sustentado». O aviso é feito pelo Almirante Gameiro Marques, diretor geral do Gabinete Nacional de Segurança (GNS), durante o evento oficial onde se anunciou que o Samsung Knox recebeu uma certificação de segurança por parte do GNS. A cibersegurança e o respetivo impacto na sociedade e na economia foi, aliás, o principal tópico em debate no Forte de São Julião da Barra.
Como salienta Nuno Parreira, responsável da Samsung, atualmente temos no smartphone dados pessoais que vão da informação bancária à localização, passando por fotos e vídeos ou documentos profissionais, apenas para citar alguns exemplos. Esta tendência começou no mercado de consumo, mas está a chegar com cada vez maior força às empresas, como comprovam os dados referentes a trabalhadores móveis – que eram 25% em 2014, 33% em 2017 e deverão ser 48% em 2020 – e estes números são um desafio não só para as entidades empregadoras como para as próprias autoridades nacionais e europeias.
O Almirante Gameiro Marques cita o Cibersecurity Act como exemplo da forma como as autoridades estão a trabalhar a vertente da segurança informática e refere que uma das medidas propostas é precisamente a certificação de todos os dispositivos ligados à Internet. Em causa estão não só os referidos smartphones como, principalmente, os pequenos gadgets que entram na categoria de Internet das Coisas (ou IoT, de Internet of Things), cuja segurança costuma ser negligenciada e usada como porta de entrada pelos atacantes.
Para endereçar estas questões, o diretor do GNS defende que é preciso um esforço conjunto por parte do Estado, das empresas privadas e das universidades. Uma opinião que é partilhada por Luís Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto no Departamento de Ciência de Computadores, que alerta que a questão se começa a tornar premente com a computação quântica. É que, segundo o docente, quando os computadores quânticos ganharem escala, tudo o que conhecemos em cibersegurança vai cair por terra.
Esta é, aliás, uma área que, segundo Luís Antunes, pode ser particularmente interessante para os investigadores portugueses, que devem privilegiar a especialização em áreas de nicho como fator diferenciador em relação à investigação realizada noutros países. Dois bons exemplos dessa aposta são a área marítima e o turismo.
Os workshops europeus sobre cibersegurança realizados até agora já chegaram a algumas conclusões sobre o caminho a seguir no futuro, nomeadamente na necessidade de: alinhar recursos para evitar a dispersão; ter uma abordagem interdisciplinar: investir em infraestruturas de computação avançada; e criar uma política de retenção de talento. Tudo isto sem esquecer que «não podemos estar sempre à espera de financiamento nacional para fazer investigação», sublinha Luís Antunes.