Como seria expectável numa conferência do Web Summit cujo título era “A revolução no armazenamento de energia”, todos os oradores do painel eram defensores das energias renováveis e a verdade é que apresentaram argumentos interessantes para converter até os mais céticos. Vic Shao, fundador e CEO da Green Charge Networks, abriu as hostilidades ao afirmar que «as renováveis são a forma mais barata de produzir energia» e James Meeks, presidente e CEO da MOVE Systems, apresentou um caso prático em que mostrou como foi possível, em Nova Iorque, poupar energia e reduzir a poluição com a criação de novas roulotes que vendem comida na rua – uma tecnologia que suscitou tanto interesse que até foi adaptada para poder ser utilizada pelos bombeiros da cidade norte-americana.
Outro aspeto em que todos os intervenientes da conferência estavam de acordo é que atualmente o problema das energias renováveis não é tecnológico, ou seja, não reside na dificuldade de a gerar, os obstáculos estão sim na comercialização contratual. Russel Tencer, fundador e CEO da United Wind, explicou que a banca e Wall Street ainda não estão mentalizados para transformação que está a decorrer, o que dificulta o financiamento, e que o próprio modelo de negócio das empresas que atuam nesta área é um desafio, sugerindo que as parcerias com as distribuidoras que dominam o mercado pode ser a melhor solução para todas as partes.
É que o armazenamento de energia pode ser a chave para superar os padrões inconsistentes do tempo a que assistimos nos dias de hoje e que, por exemplo, foram recentemente responsáveis por cheias e por secas um pouco por todo o globo. Aliás, foram fenómenos climatéricos como os furacões que deixaram sem energia algumas das zonas afetadas, algo que poderia ser minimizado se houvesse um primado das energias renováveis e um armazenamento eficaz.
O que falta então para as renováveis se afirmarem como uma verdadeira alternativa viável aos combustíveis fósseis? Por um lado, o preço do armazenamento tem vindo a baixar a bom ritmo nos últimos 5 anos – veja-se o exemplo das baterias de iões de lítio e como a escala proporcionada pelos veículos elétricos trouxe benefícios –, mas, por outro lado, a reticência na adoção por parte de alguns dos tradicionais fornecedores de energia e a ausência de uma regulação eficaz ainda são obstáculos concretos. Curiosamente, o impulso pelas energias renováveis tem partido muito de grandes empresas tecnológicas que, por iniciativa própria, decidem tornar-se totalmente “verdes”.
Como será então o futuro das energias renováveis? Vic Shao acredita que viremos a ter tarifários de eletricidade sem limites e com um preço fixo, tal como acontece atualmente com a Internet, e James Meeks defende que «estamos a caminhar na direção certa, apenas não na velocidade certa».