Menos crimes nas ruas e mais crimes na Internet. O Relatório de Análise da Criminalidade Participada, do Gabinete Coordenador de Segurança, pode dar a sensação de que o terceiro trimestre de 2016 registou uma real melhoria de segurança em Portugal, mas essa análise corre o risco de esconder uma nova ameaça: A avaliar pelas queixas reportadas às diferentes forças de segurança, o cibercrime já começou a produzir efeitos nada desprezáveis junto dos portugueses, registando um crescimento, face ao terceiro trimestre de 2015, de 70% nas extorsões (a maioria levada a cabo através da Internet) e de 20% das burlas informáticas – o que contrasta de sobremaneira com a quebra de 6,5% na criminalidade geral denunciada e a diminuição de 10,5% na criminalidade violenta.
De acordo com notícia avançada pelo Diário de Notícias, com base no Relatório de Análise da Criminalidade Participada, o terceiro trimestre de 2016 terminou com 6800 queixas de burlas informáticas e 360 denúncias relativas a chantagem – onde estão incluídos os casos de sextorsion, que têm como vítimas internautas que protagonizam ou consomem imagens de teor pornográfico.
O mesmo matutino publica ainda um comentário de António Nunes, líder do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), sobre os dados trimestrais agora revelados e a progressão dos crimes que recorrem à Internet: «O cibercrime e todos os crimes que têm a web como palco, obrigam a que as nossas polícias, em especial a PJ, e os serviços de informações criem unidades altamente especializadas e exige um tipo de recrutamento de agentes, de “cyberpolícias”, que sejam peritos nestas matérias. Tem que haver outros critérios na seleção de inspetores que valorizem estas especializações e não tanto as capacidade físicas».