O que ontem era Cabovisão torna-se a partir de hoje Nowo. A operadora de cabo adotou uma nova marca e apresentou um tarifário que tem como principal objetivo estancar a migração de clientes para a concorrência. Além das modalidades sem fidelização (mediante o pagamento da instalação do acesso), a ex-Cabovisão conta fazer a diferença através dos preços e da flexibilidade da oferta para dar início à recuperação da quota de mercado. Miguel Veiga Martins, CEO da Nowo, não refreou o otimismo durante a conferência de imprensa realizada esta manhã em Lisboa: «queremos chegar a uma quota de 10% do mercado em termos de receitas dentro de dois anos».
Se as contas de Veiga Martins estiverem certas, em 2018, a Nowo deverá ter entre 400 mil e 500 mil clientes nos vários serviços.
Os consumidores que já estavam na Cabovisão antes de a marca Nowo ter sido lançada terão de contactar a operadora, caso pretendam tirar partido dos novos tarifários. O tarifário mais em conta pressupõe o pagamento 19,99 euros para garantir o acesso a 33 canais analógicos (portanto, sem poder andar para trás ou para a frente na emissão) e Internet a 100 Mbps.
Seguindo a lógica de «pagar apenas pelo que se quer», a Nowo pretende deixar ao critério do consumidor os diferentes serviços que pretende usar. Letras de contratos que mal se leem, canais de TV que não são vistos e telefones fixos que já quase ninguém usa figuram entre os principais alvos a combater pela campanha publicitária que aí vem. O simulador online, que permite a qualquer consumidor escolher uma modalidade à medida, é uma das traves mestras da nova abordagem comercial da operadora de cabo.
Com este posicionamento, a Nowo pretende contrariar a estratégia comercial que tem vindo a ser seguida pelos maiores operadores com a criação de pacotes agregadores de diferentes serviços. «A médio prazo poderemos vir a disponibilizar comunicações por telemóvel em separado dos outros serviços», acrescenta Miguel Veiga Martins, perspetivando uma das hipóteses de futuro para o operador móvel virtual que tem vindo a prestar serviços junto dos consumidores que já aderiram a outros serviços de telecomunicações.
Para o CEO da Nowo não restam muitas dúvidas de que o mercado das telecomunicações está à beira de um ponto de viragem: «O modelo de negócio está saturado. Não acredito que as receitas cresçam se não se mudar o modelo de negócio».