A ICANN, a entidade que historicamente assumiu papel de preponderância nos destinos da Internet, vai deixar de ser tutelada pelo Governo dos EUA.
Na sexta-feira passada, o Departamento de Comercio dos Estados Unidos confirmou que vai abrir mão do poder político que vinha mantendo sobre a ICANN a fim de reforçar a segurança e a liberdade da Internet e garantir uma crescente autonomia da entidade que gere os domínios da Web.
A confirmar-se esta decisão, o Governo dos EUA já não deverá prolongar o contrato que dá à ICANN a gestão dos alicerces da Web até em setembro 2015.
Às palavras de circunstância que emolduraram esta decisão, juntaram-se outras bastante mais elucidativas sobre os intentos do governo norte-americano: Segundo o El País, os EUA estão dispostos a ceder às pressões da comunidade internacional e abrir mão da “tutela da Internet”, mas não estão dispostos a ceder esse poder à Nações Unidas.
A entrega do controlo da Internet – ou da ICANN – à Organização Internacional das Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês) é uma alternativa que foi posta de parte por Washington, apesar das exigências que vários países do Médio Oriente, Ásia e África apresentaram ao longo nos últimos anos. Os EUA não aceitam as reivindicações mais radicais desses países, mas tiveram de ceder às pressões da UE, após o escândalo gerado pelos programas de ciberespionagem levados a cabo pelas agências norte-americanas.
Lawrence Stricking, um dos responsáveis do Departamento de Comércio dos EUA, deu a conhecer, em comunicado, as condições impostas para ceder o controlo que ainda exerce sobre a ICANN: o Governo dos EUA apenas aceita abrir mão da sua autoridade a Internet não passar a ser sujeita a censura e a ICANN passar a ser gerida sem qualquer interferências políticas de governos dos vários países ou de organizações internacionais como a ITU.
Da ICANN, saiu uma reação positiva à decisão do governo dos EUA: “Damos as boas-vindas ao início deste processo de transição, para que toda a comunidade global possa estar completamente incluída», comentou Fadi Chehade, presidente de la ICANN.