Os 102 mil milhões de dólares (quase 80 mil milhões de euros) foram desviados pela Apple para contas bancárias situadas em offshores, recorrendo a uma rede alegadamente sedeada na Irlanda. Para fazer face à denúncia de dois senadores norte-americanos, Tim Cook, o CEO da Apple, teve de prestar declarações ao Congresso. Aí, Cook ameaçou que não traria o dinheiro de volta para o circuito fiscal, caso os EUA não aceitassem reduzir a carga fiscal. O responsável da marca da “maçã” revelou ter um acordo com o governo irlandês desde 1980 onde paga apenas 2% de impostos.
Na ótica do gestor da Apple, os impostos aplicáveis ao capital repatriado só devem ter um dígito, ou seja, nunca poderão exceder os 9%, noticia o The Guardian. Cook foi mais à frente e revelou que com uma carga fiscal reduzida, mais empresas concordariam em repatriar o capital e que os impostos habituais deviam estar na casa dos 20%. Recorde-se que, em circunstâncias regulares, a Apple teria de pagar 35% de impostos sobre aquele montante.
A Apple insiste que sempre agiu de acordo com «o corpo e espírito da lei».
«Ao contrário de outras empresas de tecnologias, a minha proposta não é taxa zero. Sugiro que seja definida uma taxa justa para repatriar o capital», disse Tim Cook. No próprio Congresso dos EUA, onde o estudo foi revelado, há senadores que acusam outros senadores de estarem a hostilizar a Apple.
No final da sua defesa, Tim Cook conseguiu fazer com os senadores mais empedernidos contra a Apple se desfizessem em elogios à sua pessoa e à empresa. Cook reforçou que a empresa agiu sempre legalmente e que, neste momento, é vítima de um sistema fiscal datado e que penaliza as empresas norte-americanas face às concorrentes estrangeiras. «Infelizmente, o código tributário não acompanha a era digital», disse Cook.