Tim Cook, CEO da Apple, foi chamado ao Senado dos EUA para ser inquirido pelos autores de um relatório que acusa a Apple de recorrer a uma rede de offshores alegadamente sedeada na Irlanda, com o objetivo de beneficiar de taxas fiscais que nalguns casos chegam a ser inferiores a dois por cento.
De acordo com a Bloomberg, mais de 102 mil milhões de dólares (quase 80 mil milhões de euros) terão sido desviados do sistema fiscal norte-americano pela Apple rumo a contas que permitiram poupar no pagamento de impostos. O relatório revela que o alegado esquema terá recorrido a três entidades cuja sede, em termos fiscais e geográficos, é desconhecida.
O caso ainda não chegou às alegações finais, mas o senador democrata Carl Levin, que reparte com o republicano John McCain a autoria do relatório, foi taxativo nas declarações que proferiu ontem aos jornalistas: «A Apple tentou alcançar o Santo Graal da fuga fiscal. Criou entidades de offshore que guardavam milhares de milhões de dólares para poder dizer que não tinha residência fiscal».
Os dois senadores dão como exemplo uma das subsidiárias criadas para a alegada fuga fiscal: a Apple Operations International é provavelmente a principal entidade usada para a alegada fuga aos impostos da Apple. O relatório refere que a subsidiária alcançou receitas de 30 mil milhões de dólares em três anos, sem cumprir os deveres fiscais mais elementares.
A Apple reagiu num comunicado que reitera ter cumprido as obrigações fiscais impostas pela legislação norte-americana. A fabricante da Apple nega o uso de subsidiárias estrangeiras para escapar ao fisco. A marca da Califórnia justifica o recurso a entidades sedeadas na Irlanda com o factp de permitirem menorizar riscos e refinanciar atividades de investigação e desenvolvimento de produtos, bem como contratar profissionais qualificados nos EUA.
A Apple recorda ainda um número: em 2012, a companhia terá pago mais de seis mil milhões de dólares em impostos nos EUA. O que, alegadamente, torna a companhia um dos maiores contribuintes em “Terras do Tio Sam”.