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Durante 2012, a média de remunerações (salários somados a seguros, benefícios sociais, subsídios e regalias) dos profissionais das tecnologias registou uma quebra de 1%.
«Como no ano passado a inflação registou um aumento de cerca de 2,5%, na realidade as remunerações acabaram por registar uma perda de 3,5%. Um aumento abaixo da inflação já produz efeitos… só que neste caso há também uma descida das remunerações nominais. E isto é muito significativo. Pela primeira vez, desde que temos registos, houve uma descida no valor das remunerações pagas aos profissionais de tecnologias e informática em Portugal», comenta Tiago Borges, responsável pela Área de Gestão de Talento, da Consultora Mercer.
A regressão nos salários e regalias dos profissionais das TI é uma das conclusões do relatório “Total Compensation High-Tech/Telecommunications”, da Mercer, que é publicado desde 1998. Tiago Borges relaciona esta perda com os primeiros sinais de desemprego e o aumento de mão-de-obra que acaba de sair da Universidade e dos centros de formação.
«A taxa de desemprego produz um grande efeito nas remunerações. As pessoas que mantêm o trabalho tendem a sofrer um congelamento das remunerações. Só que há muitas pessoas que são substituídas por pessoas que estavam desempregadas ou que vêm da Universidade e que estão a aceitar remunerações inferiores às que se pagavam há três anos. São as remunerações pagas a este último grupo de pessoas que levaram a uma redução da média em 2012», acrescenta Tiago Borges.
O perito da Mercer admite que a regressão das remunerações das profissões tecnológicas está em consonância com a atual conjuntura económica. Nos dois anos anteriores a 2012, a média de remunerações manteve-se estagnada nas tecnologias.
A Mercer não recolhe dados sobre o desemprego nas TI, mas Tiago Borges acredita que o setor está longe de viver o pleno emprego de outros tempos. Profissionais com menos graus de especialização são os que têm maior dificuldade em encontrar um local para trabalhar. Em contrapartida, há nichos onde ainda há vagas por preencher. Programação de plataformas CRM e Arquiteturas de Sistemas são alguns dos exemplos dados por Tiago Borges quanto a áreas onde mão-de-obra especializada ainda não cobre todas as necessidades.
O responsável da Mercer admite que os profissionais das tecnologias podem revelar alguns níveis de empreendedorismo acima da média. O que leva uma parte substancial das pessoas que ficam sem emprego a enveredar pela criação de pequenas empresas, que facilmente chegam ao estrangeiro, através da prestação de serviços e desenvolvimento de soluções. Noutros casos, a ida para o estrangeiro é feita através da emigração, «após alguns meses sem encontrar colocação em Portugal». Países nórdicos, Alemanha, Reino Unido, Angola e Moçambique estão na lista dos destinos preferenciais.
«Em 2012, as tecnologias não fugiram às tendências do mercado. Ainda vamos ter de esperar para ver se esta tendência vai mudar em 2013. Uma coisa é certa: os salários não vão recuperar, pelo menos, enquanto não se recuperar, ou pelo menosse estancar, a taxa de desemprego. São duas variáveis que estão muito ligadas», analisa Tiago Borges.