
A Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom) publicou na semana passada um relatório trimestral sobre o acesso à Net em Portugal. O relatório informava que 3,5 milhões de portugueses usaram a banda larga móvel durante o quarto trimestre de 2012, mas não fornecia qualquer resposta a uma questão: quantos portugueses subscreveram o acesso à Net em 4G?
Questionada pela Exame Informática, a Anacom explica, através de fonte oficial, que o relatórios trimestrais não discriminam a tecnologia usada nos acessos à banda larga. O que significa que os 3,5 milhões de utilizadores estimados no final do ano passado devem ser interpretados como a soma dos subscritores de redes 3G (previsivelmente a maioria, dirá qualquer observador mais atento, apesar da inexistência de dados) com o total de subscritores de redes 4G.
A entidade que regula as comunicações recorda que este tratamento estatístico está em conformidade com o que é pedido por entidades externas como a Comissão Europeia ou a OCDE, mas confirma que atualmente não solicita aos operadores móveis os dados relativos às adesões registadas nas redes 4G. «Para já, não está em cima da mesa começar a fazer estatísticas específicas sobre o total de utilizadores de 4G, mas claro que, se se justificar, é sempre possível rever que índices estatísticos analisados», explica fonte institucional da Anacom.
Sem poder apresentar números quanto às adesões registadas no 4G, a Anacom remete a a questão para os três operadores móveis.
Na Optimus, na TMN ou na Vodafone, a resposta apenas varia nas palavras usadas, sendo o conteúdo igual em qualquer dos três interlocutores: «não revelamos o número de subscritores da rede 4G».
Sem o total de adesões divulgado, apurar a taxa de sucesso da 4G ganha contornos de adivinha. O sigilo quanto ao total de utilizadores de 4G pode ser encarado como típico da concorrência cerrada que os três operadores têm protagonizado, mas também pode ser interpretado como um sinal de que as adesões registadas por Optimus, TMN e Vodafone ficaram abaixo do esperado – tudo depende da predisposição para a especulação de quem analisa os dados já conhecidos.
E, para já, o que se sabe não vai além dos volumes de tráfego: recentemente, a Optimus anunciou garantiu ter um rede de 4G com uma cobertura de 80% da população. A este valor juntou ainda mais dois: até 2014, deverá concluir um investimento de 300 milhões na promoção do 4G; e hoje detém uma quota de mercado de 40% dos dados processados nas redes móveis, o que pode servir de rampa lançamento para a liderança no 4G, noticiou o Jornal de Negócios.
A Vodafone também não refere o total de utilizadores e apenas informa que, atualmente, o tráfego do 4G está em fixado em 10% do total encaminhado pelas respetivas redes móveis. Esta percentagem é encarada como «natural numa tecnologia recente e para a qual ainda não estão disponíveis no mercado terminais a preços interessantes que demonstrem de forma evidente aos clientes a vantagem de migrarem para esta nova tecnologia», explica a operadora numa resposta oficial enviada por e-mail.
Na TMN, não é referido o número de clientes nem os dados sobre o tráfego das redes 4G. Apenas a cobertura da rede merece alguma informação: 90% da população.