O próprio Bill Gates, o homem que levou a Microsoft até à liderança da produção de software e que entregou o "leme" da companhia a Steve Ballmer para se dedicar à filantropia, hoje é "apenas" um acionista de referência e uma figura simbólica no que toca à decisões da empresa.
Para os analistas de mercado, há uma questão que se impõe: estará a Microsoft a conseguir a substituir a "velha guarda" que saiu (ou anunciou a saída) em debandada nos últimos 12 meses?
"A saída de um executivo experiente como Bob Muglia é uma perda grande, mas recuperável. Mas perder o Muglia, o Robbie Bach, o Steve Elop, o Ray Ozzie, o Chris Lidell, o Kevin Johnson, o Jeff Raikes e outros executivos pode ser devastador", comentou, quando inquirido pela Computerworld, Don Dodge, um executivo com carreira feita na Microsoft e que também acabou por sair (em 2009) da companhia para ingressar na Google.
Muitas das pessoas que saíram da companhia de Redmond, no último ano, já eram conhecidas pela antiguidade, pelos conhecimentos técnicos, por terem acesso a informação privilegiada ou simplesmente pela capacidade de liderança e pelo carisma.
Os nomes e os cargos falam por si: Ray Ozzie era arquiteto-chefe de software; Stephen Elop presidente da divisão de Office; Robbie Bach era presidente da divisão de Entretenimento; Chris Liddell era o responsável pelas finanças; e Bob Muglia deverá protagonizar o mais recente abandono, ao deixar a Divisão de Servidores e Ferramentas no verão de 2011.
"O que é preocupante é que a Microsoft está a perder profissionais históricos que foram subindo na hierarquia da companhia", explica Rob Helm, analista na consultora Directions on Microsoft, que se dedica exclusivamente a estudar a gigante de Redmond.
Helm admite que a Microsoft dispõe das condições necessárias para contratar alguns dos executivos mais valiosos do planeta, mas frisa que, no mercado dos talentos, ainda há características impagáveis: "(A saída de Bob Muglia) é crítica, e não estou a ver ninguém que o consiga substituir. Mas Há várias companhias tecnológicas que operam no mesmo setor que, à semelhança da Microsoft, estão a trabalhar para migrar para o cloud computing, e que têm executivos que podem funcionar (na Microsoft)".
Tudo indica que a Microsoft vai ter de ir à "caça" de talentos nos próximos tempos. Resta saber como se fará a transição da "velha" para a "nova guarda".
***Este texto foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico***
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