A empresa de videojogos Lockwood Publishing escolheu Lisboa para a abertura de um novo estúdio de desenvolvimento. A nova equipa começa a trabalhar em março e o objetivo da tecnológica é contratar 30 pessoas até ao final do ano. A equipa portuguesa vai desenvolver novos elementos de jogo para Avakin Life, um título multijogador que também funciona como rede social, que é o grande produto da empresa inglesa – tem 1,3 milhões de utilizadores ativos diários.
“A vinda da Lockwood para Portugal tem um contexto. A empresa recebeu uma forte ronda de financiamento em agosto passado e tem, desde aí, procurado desenvolver mais o projeto e fazê-lo crescer”, explica Ricardo Flores, veterano dos videojogos e a pessoa escolhida pela Lockwood para liderar o estúdio em Portugal, em entrevista à Exame Informática.
Segundo o responsável, a Lockwood já estava há algum tempo a olhar para o Sul da Europa como a próxima paragem do processo de expansão da empresa – que além de dois estúdios no Reino Unido, tem um outro na Lituânia. Após um primeiro contacto com a Associação de Produtores de Videojogos, foi a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) a assumir a pasta de convencer a empresa britânica a investir no país.
Ricardo Flores diz que ainda não consegue traduzir num número o investimento que a Lockwood vai fazer em Portugal, pois tudo vai depender da equipa que for montada. Em março, quando o estúdio em Lisboa começar a funcionar, a Lockwood arranca com duas equipas de design, num total de dez pessoas. Ao mesmo tempo começa a ser montada uma equipa de desenvolvimento que também vai fazer parte desta aposta. “Vamos também ter outras equipas mais ligadas à programação, ao suporte técnico e ao suporte de comunidade”, acrescenta o líder do estúdio português.
Entre os perfis que a Lockwood procura para o escritório de Lisboa, que vai ficar situado na zona do Saldanha, destaque para quem tem conhecimentos em 3D, seja animador, modelador, criador de ambientes ou um conhecimento mais generalista. E os candidatos não precisam obrigatoriamente de ter experiência na criação de videojogos, estando a empresa a olhar também para pessoas com experiência na criação de conteúdos 3D em áreas como a arquitetura.
“É um investimento que não é pequeno, porque a ideia é também sermos atrativos para quem vem de fora, não vamos só fechar-nos a pessoas em Portugal, mas atrair portugueses a voltarem a Portugal e estrangeiros que queiram vir trabalhar para Portugal e queiram fazer parte da equipa cá”, acrescenta Ricardo Flores.
A primeira grande missão do estúdio em Lisboa vai ser desenvolver uma componente de eventos musicais dentro do videojogo Akin Avatar – que é uma espécie de rede social virtual, disponível para Android e iOS, na qual os utilizadores podem ter uma personagem e uma segunda vida totalmente digital. A integração de eventos é um dos projetos de expansão que a Lockwood tem pensado para o jogo, que vai sofrer uma grande remodelação visual já em 2020 para atrair novos jogadores.
Formação foi um fator determinante
A capacidade que Portugal tem atualmente na formação em áreas ligadas aos videojogos foi um dos elementos preponderantes para a escolha do país na hora de decidir onde investir. Responsáveis da Lockwood falaram com representantes de instituições de ensino, como o Instituto Politécnico de Leiria e a Universidade Lusófona, para perceberem quais os métodos de aprendizagem dos alunos.
“Temos boas escolas hoje em dia a formar em videojogos, temos boas escolas a formarem em modelação 3D, temos boas escolas de programação e engenharia – essa parte toda do ecossistema fez sentido para a Lockwood”, acrescenta Ricardo Flores, que já conta no currículo com passagens pelos estúdios portugueses Biodroid e Fun Punch Games.
“Houve aqui também um trabalho com o AICEP de lhes mostrar quais eram as possibilidades e o que é que Portugal lhes podia oferecer para esta indústria. Isto significa que existe alguma abertura, no fundo, do nosso Governo e do AICEP para explorar mais esta área e provavelmente vamos ver outras empresas a olhar para Portugal”, sublinha ainda.