O Bard, um sistema de Inteligência Artificial (IA) conversacional capaz de escrever texto com uma qualidade próxima à de um humano – e, na prática, a resposta da Google ao popular ChatGPT –, está a partir desta terça-feira disponível para utilizadores dos EUA e Reino Unido (mediante registo). O anúncio marca o lançamento oficial do Bard para pessoas além das que integram os grupos internos de teste da tecnológica. A Google promete alargar o acesso à nova ferramenta de IA a “mais países e idiomas ao longo do tempo”.
Com este lançamento, a Google traça também uma linha entre o Bard e aquela que é a principal ferramenta da empresa, o motor de pesquisa. “Pensamos nele [Bard] como uma experiência de complemento ao Google [Pesquisa]”, lê-se no comunicado da tecnológica.
Um espelho desta divisão é a inclusão de um botão chamado “Google it” no sistema de conversação Bard. Se o utilizador não ficar convencido com a resposta dada ou se quiser confirmar os dados, basta carregar naquele botão para que uma pesquisa com termos semelhantes seja feita no motor de busca do Google.
Então, para que serve o Bard? “Podes usar o Bard para aumentar a tua produtividade, acelerar as tuas ideias e alimentar a tua curiosidade. Poderás pedir ao Bard para te dar dicas para atingir o objetivo de ler mais livros este ano, para que te explique a física quântica em termos simples ou para espicaçar a criatividade ao delinear uma publicação para um blogue”, sublinha a tecnológica.
A Google assume ainda de forma explícita que o Bard pode “providenciar informação imprecisa, errada ou falsa, ainda que a apresente de forma confiante” – um comportamento que no mundo da IA é conhecido por ‘alucinações’.
O lançamento mais tímido do Bard contrasta com a postura mais agressiva e expansiva da ferramenta rival ChatGPT – além de estar disponível para utilizadores de todo o mundo, está já integrado em várias ferramentas de produtividade, desde o navegador de internet Edge ao Office 365 da Microsoft, entre muitos outros exemplos.
O Bard funciona como uma conversa entre duas pessoas – nós fazemos um pedido, o sistema devolve a resposta. Tanto o Bard como o ChatGPT são sistemas de conversação alimentados por modelos de IA conhecidos como grandes modelos linguísticos (large language model, LLM, no original em inglês). Na prática, são sistemas que, partindo de uma gigantesca base de dados, são capazes de prever a probabilidade de posicionamento das palavras numa frase, gerando texto que, para quem lê, é coerente.
“Podes pensar nos LLM como motores de previsão. Quando lhes é dada uma instrução [prompt no original em inglês], gera uma resposta selecionando uma palavra de cada vez de um conjunto de palavras com a maior probabilidade de aparecer na posição seguinte”, detalha a Google.
O lançamento do Bard acontece poucos dias depois de a OpenAI, a startup por trás do famoso ChatGPT, ter anunciado o seu mais poderoso LLM de sempre, o GPT-4, que traz novas funcionalidades e uma melhor capacidade de escrita ao sistema de Inteligência Artificial.