O Bard, um sistema de Inteligência Artificial (IA) conversacional que está a ser desenvolvido pela Google, fez manchetes na segunda-feira por, apesar do anúncio tímido, representar uma resposta da gigante norte-americana ao popular ChatGPT, criado pela OpenAI (e ‘adotado’ pela Microsoft). Havia por isso muita expectativa sobre o que a empresa anunciaria sobre este novo sistema no evento que realizou nesta quarta-feira em Paris e no qual a Exame Informática marcou presença.
O que acabou por ser apresentado sobre o Bard foi, praticamente, uma recapitulação do que já tinha sido anunciado na segunda-feira. Mas foi na fase de respostas aos jornalistas que foram dadas a conhecer mais algumas novidades e considerações sobre o novo sistema de IA.
Prabhakar Raghavan pode nunca ter referido o nome do ChatGPT, mas nas entrelinhas, o patrão de sistemas de pesquisa da Google deixou algumas mensagens relativamente ao serviço lançado pela OpenAI. “Estas ferramentas, poderosas como são, por vezes podem ser obscuras na forma como conseguem a resposta. A forma como podemos responder à questão da segurança [dos chatbots com IA) é através de testes extensivos e com uma elevada qualidade de produto que definimos para nós próprios”, começou por dizer o responsável sobre que medidas a Google usaria para garantir que os dados das respostas dadas pelo Bard serão confiáveis e a ferramenta de utilização segura.
“Queremos que a qualidade [do Bard] esteja onde precisa de estar. Temos milhares de utilizadores de teste. Quando estivermos satisfeitos com os resultados, vamos lançá-lo ao público. E depois terás algo integrado dentro do motor de busca”, acrescentou Prabhakar Raghavan. Mas o responsável também avisou: “Nenhum sistema de IA vai ser 100% perfeito. Queremos atingir tanto desse número quanto possível”.
Segundo o porta-voz, a Google continua a fazer muitas experiências sobre a melhor forma de trazer o Bard para o grande público. “Na última semana vi vários designs da nossa equipa. Só uma utilização em massa vai dizer-nos o que os utilizadores querem”.
Questionado sobre se a popularidade do ChatGPT colocou pressão na Google – em termos de timing de anúncio do Bard e de como os dois sistemas se poderão comparar no futuro – o responsável foi direto: “Não nos comparamos com outros”.
“Para nós, isto tem sido uma jornada de vários anos. Trouxemos os grandes modelos de linguagem [LLM na sigla em inglês] para a pesquisa há três anos. Não houve um ponto recente que tenha mudado dramaticamente o curso daquilo que fazemos”, defendeu.
Google à NORA
Mesmo sem referir diretamente a pressão colocada pelo lançamento do ChatGPT naquilo que poderá ser o conceito de motor de busca nos próximos anos, o líder de tecnologias de pesquisa do Google adiantou, no entanto, que os utilizadores fazem cada vez mais pedidos NORA – No One Right Answer, ou pedidos com respostas que não têm apenas uma versão correta. Ou seja, os pedidos de informação dos utilizadores do Google estão a ficar mais complexos e a utilização de sistemas que conseguem escrever, sozinhos, texto com uma qualidade próxima à de um humano, agregando numa única resposta diferentes fontes de informação, é uma tendência que veio para ficar.
“Pensamos que a IA generativa vai ser especialmente útil para responder às necessidades dos utilizadores. Os nossos utilizadores estão a perguntar cada vez mais NORA ao Google. É por isso que estamos a trazer estas tecnologias diretamente para a página de pesquisa”, acrescentou.
“O nosso objetivo é construir uma boa IA conversacional. Demos o primeiro passo, com o primeiro modelo do LaMDA, e com isto esperamos ser a melhor fonte de pesquisa conversacional que podemos providenciar”, disse Prabhakar Raghavan.
Sobre a possibilidade de o Bard vir a estar disponível em diferentes idiomas, o responsável da Google disse que a prioridade da empresa é a segurança de utilização e a credibilidade das informações, pelo que é mais fácil atingir isso em idiomas mais populares (como o inglês) do que em idiomas com menos dados para treino. “Temos sido pioneiros, não apenas na pesquisa, mas na forma como trazemos este produtos para o mundo de uma forma responsável”, disse.
Por fim, Prabhakar Raghavan diz que o maior projeto da Google, apesar de ser reconhecida pelo motor de busca há 25 anos, é continuar a evoluir na forma como os utilizadores podem encontrar mais e melhor informação. “Na nossa busca para tornar a pesquisa mais natural e intuitiva, à medida que trazemos tecnologias geenrativas para os nossos produtos, a imaginação é o limite”, concluiu .