Com mais de três mil milhões de utilizadores um pouco por todo o mundo, o Facebook tinha literalmente o mundo digital a seus pés. Mas isso não chegou. Mark Zuckerberg, diretor executivo da empresa, entrou numa verdadeira demanda para criar o metaverso – ao ponto de ter mudado o nome do seu império para Meta. Pelo caminho, já foram investidas largas dezenas de milhares de milhões de dólares nesse esforço. Naomi Gleit, que supervisiona o desenvolvimento de todos os produtos criados pela tecnológica, esteve em Lisboa, na Web Summit, para defender a visão do empresa e de Zuckerberg.
“Gosto de definir o metaverso como o futuro da internet, hoje experienciamos a internet a duas dimensões. No futuro será a três dimensões e vamos aceder à internet em dispositivos de realidade virtual e realidade aumentada”, defendeu.
Como um conceito que ainda existe de forma muito conceptual, o metaverso, ou seja, um mundo digital que agrega várias experiências digitais imersivas e nas quais as pessoas podem interagir em tempo real, tem sido alvo de dúvidas, escrutínio e até algum gozo. Mas Naomi não cede naquilo que a tecnológica norte-americana acredita ser a próxima grande plataforma social.
“Esta é uma grande aposta. É importante corrermos riscos para inovarmos. A tecnologia está sempre a evoluir, estamos a construir a tecnologia social de hoje, mas também precisamos de construir a tecnologia do futuro, que acredito que será o metaverso”.
A executiva recusa que o facto de as pessoas passarem a ter um mundo digital altamente imersivo no qual podem passar mais tempo significará menos contacto presencial no mundo real. “Acho que há uma perceção errada de que o metaverso vai substituir o facto de estarmos juntos em pessoa – nada vai substituir isso. Mas há momentos em que as pessoas não podem estar juntas”, explicou.
Naomi Gleit rejeita ainda a ideia de que a Meta está a tentar antecipar-se na criação de um monopólio numa nova tipologia de espaço social na internet. “A Meta não vai ser dona do metaverso. Nenhuma empresa vai ser dona do metaverso. Da mesma forma que nenhuma empresa é dona da internet. Não há uma internet da Apple e outra da Microsoft. É importante que seja aberta, interoperável e penso que isso vai acontecer com ou sem a Meta”.
Se a tecnologia ainda está muito espalhafatosa – óculos de grandes dimensões, com peso considerável e um design pouco discreto –, assim deverá continuar por mais uns quantos anos, com Naomi a projetar que só dentro de dez, quinze anos é que será possível ter óculos de realidade virtual ou aumentada semelhantes aos óculos para visão usados atualmente por milhões de pessoas.
“Algumas coisas vão funcionar, outras não, haverá surpresas e a falta delas, mas o futuro será certamente mais imersivo”, concluiu a executiva.