A empresa de segurança informática NSO Group, mais conhecida pela ferramenta de espionagem Pegasus, alega que a Facebook tentou comprar o software para melhor monitorizar os utilizadores do iPhone. A revelação é feito pelo diretor executivo da empresa de cibersegurança israelita, Shalev Hulio, num conjunto de documentos submetidos como depoimento de apoio para o processo que envolve as duas empresas.
De recordar que a Facebook acusa a NSO Group de estar por trás da descoberta e exploração de vulnerabilidades no WhatsApp que permitiram expiar mais de 100 ativistas e jornalistas.
Segundo o CEO da NSO Group, dois representantes da Facebook abordaram a empresa de ciberespionagem em 2017 com o objetivo de comprar a ferramenta que permitiria melhor monitorizar os utilizadores do iOS, o sistema operativo da Apple. Como explica a publicação Vice, a época coincide com a fase em que a Facebook lançou uma ferramenta de redes privadas virtuais (VPN), chamada de Onavo, e que mais tarde seria revelada como uma forma de a tecnológica monitorizar o tráfego dos utilizadores no smartphone – com o objetivo principal de perceber que outras aplicações as pessoas estavam a usar além do Facebook.
A tecnológica norte-americana terá percebido que a eficácia da Onavo nos utilizadores do iPhone era menor do que no sistema operativo Android e terá ido à procura de uma ferramenta que ajudasse a complementar a informação recolhida pela ferramenta de VPN. “Os representantes da Facebook também disseram que a Facebook queria usar as capacidades implícitas do Pegasus para monitorizar utilizadores com dispositivos Apple e estavam dispostos a pagar pela capacidade de monitorizar os utilizadores do Onavo Protect”, lê-se no documento submetido pelos israelitas.
O Pegasus é uma ferramenta de espionagem que permite aceder aos conteúdos dos smartphones dos utilizadores sem que eles saibam. A tecnologia é vendida pela NSO Group a governos e forças de segurança de todo o mundo – e terá sido este motivo que contribuiu para que o negócio não acontecesse. A tecnológica israelita recusou vender a ferramenta à Facebook por não se enquadrar no perfil de clientes elegíveis.
“A NSO está a tentar distrair do facto da Facebook e do WhatsApp terem apresentado queixa em tribunal há mais de seis meses. A tentativa de evitar responsabilidades inclui representações imprecisas do spyware [Pegasus] e da discussão com pessoas que trabalham na Facebook”, comentou a rede social quando confrontada com as alegações.