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Para a Apple era uma questão de agora ou nunca. Agora porque era o “último comboio” para entrar na corrida ao cada vez mais popularizado negócio do streaming de música; nunca porque, se não apanhasse este “último comboio”, arriscava-se a ver a numerosa base de clientes do iTunes a sofrer uma erosão gradual com a mais que previsível migração para os serviços de streaming de música da concorrência (Google, Meo, Spotify, Rhapsody, Rdio… a oferta é infindável).
Tirando os incuráveis da pirataria ou os segmentos que nunca gastariam sequer um cêntimo em música, já ninguém quer downloads para nada. Faltava apenas saber se todos os que já não querem downloads que lhes atafulham discos rígidos e afins estariam dispostos a enveredar pelo streaming, protagonizando mais uma vaga de adoção em massa do denominado cloud computing. Pois agora não restam dúvidas: Se há ainda quem não tenha aderido ao streaming, então a Apple, a Google, a Spotify ou a Meo vão tratar de convencer os últimos moicanos do offline que ainda fazem questão de ter as faixas que pagam para ouvir.
Para a indústria musical, que nos últimos 20 anos se desdobrou em queixas e processos de tribunal, é uma segunda vida que se avizinha. Os royalties vão voltar a tinir de novo nos cofres com a adesão em massa aos streamers.
Claro que ainda há por limar algumas desinteligências que, coincidência ou não, apenas estão alcance de quem vende mais. Vide Taylor Swift: a popstar que canta temas apaixonados como se fossem únicos e inigualáveis, como tantas outras popstars que, no passado, cantaram temas apaixonados como se fossem únicos e inigualáveis e que hoje já ninguém lembra, aproveitou o auge das tabelas de popularidade para se insurgir, num primeiro momento, contra o modelo de rendimentos do Spotify e, mais tarde, contra a Apple Music. No caso da Apple Music, houve a precaução de mudar a política de pagamentos (e recuperar Taylor Swift…) a tempo de não manchar o lançamento de hoje.
Há mais casos paradigmáticos: os Beatles ainda não aderiram ao streaming apesar de ter um acordo para distribuição no iTunes – mas nem todas bandas são os Beatles. Nem mesmo os AC/DC, que só agora chegam ao streaming, apesar de ser possível descobrir temas da banda australiana tocados por bandas de covers em alguns desses serviços de streaming.
Voltamos aos dias da rádio. Mas sem rádio. Ou melhor sem rádio hertziana, e com muitas rádios cibernéticas que anunciam novas vagas, tendências, “sonoridades” e “futurismos” com ou sem voz de locutor e uma ou outra publicidade pelo meio – e que o consumidor poderá aprofundar mais tarde nas suas playlists partilháveis em redes sociais.
Os downloads já eram.
Eis o comparativo dos quatro principais streamers usados em Portugal.
Apple Music
Preço: grátis durante três meses de teste; 6,99 euros por mês a oferta individual e €10,99 a oferta familiar (seis utilizadores)
Portfolio: 30 milhões de faixas (o iTunes terá mais de 40 milhões de faixas)
Utilizadores: o serviço é lançado hoje – e por isso é lógico que não tenha ainda consumidores. Como referência, resta lembrar os 75 milhões de iPhones e os 20 milhões de iPads vendidos no primeiro trimestre de 2015… e ainda os muitos milhões de utilizadores que têm dispositivos da Apple mais antigos. Até à Apple avançar com um número, serão estas as principais referências que poderão dar uma ideia do número de utilizadores de iTunes e da percentagem de fãs da Apple que poderão querer usar o Apple Music.
Bónus e especificidades: uso do assistente Siri, que permite executar funcionalidades com comandos de voz; funcionalidade Connect para o acesso a fotos, dados, informações contextuais e atuais de artistas; acesso direto à rádio Beats 1, com transmissões a partir de Los Angeles, Nova Iorque, e Londres; modo offline; no outono estará disponível para Sonos e Android.
Ponto forte: A Apple é a última das grandes marcas a chegar ao streaming, mas pôs toda a gente a falar no Apple Music. Um exemplo: os AC/DC ficaram disponíveis para streaming – e muitos dos títulos que se vê na Net referem que ficaram disponíveis no Apple Music. Marketing à parte: os anos de iTunes tornaram a Apple um interveniente com uma relação de amor/ódio com as editoras, mas provaram que é possível fazer milhões de dólares com um negócio que estava em queda devido à pirataria na Net (alguém se lembra do Kazaa ou do Napster?). O número de utilizadores de iPhones, iPads e Macs fará o resto.
Google Play Music
Preço: teste grátis durante um mês; ou 9,99 euros mensais
Portfolio: 30 milhões de faixas
Utilizadores: número não divulgado
Bónus e especificidades: possibilidade de armazenamento de 50 mil músicas (mesmo que venham do iTunes); modo offline; disponível para os vários sistemas operativos; funciona conjugado com o Music Key que permite ver vídeos do YouTube.
Ponto forte: É um produto da maior marca da Internet que também produz o sistema operativo mais usado em toda a história da informática (o Android)
Meo Music:
Preço: grátis para clientes com pacotes MEO com Telemóvel, MEO com o serviço de Internet Fixa, Unlimited, TOP Total, LINK com mensalidade e MEO Internet Móvel Pacotes para PC/Tablet (exceto tarifário Soft e pré-pagos) e Moche; três meses grátis para os clientes de outros serviços MEO nas modalidades anteriores, sendo que, depois do terceiro mês, vigora uma mensalidade de 4,99 euros; clientes que não usam rede da Meo pagam 6,99 euros mensais;
Portfolio: a PT não revela o número de faixas disponível
Utilizadores: número não revelado
Bónus e especificidades: 10 downloads grátis por mês; modo offline; possibilidade de escuta em TV; inexistência de publicidade; videoclips nacionais e internacionais; playlists criadas por artistas
Ponto forte: grátis para a maioria dos planos de subscrição de Internet do Meo; tráfego ilimitado
Spotify:
Preço: grátis com publicidade; três meses de teste a 0,99 euros; ou 6,99 euros mensais; a Vodafone inclui ofertas de tráfego para novos clientes que usem Spotify
Portfolio: 30 milhões de faixas;
Utilizadores: 75 milhões (20 milhões pagantes);
Bónus e especificidades: a escolha de músicas apenas está disponível na versão paga; alta qualidade do som apenas na versão paga; dispõe de modo offline.
Ponto forte: é a marca com maior tradição no segmento – e provavelmente com maior número de utilizadores