![hitchbot video.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/12/5955202hitchbot-video.jpg)
As piadas são mais que muitas. O Hitchbot cruzou Canadá e Alemanha e nada lhe aconteceu. Chegou aos EUA e em duas semanas ficou inutilizado. Agora, há mais um episódio para apimentar o assunto. O robô criado por investigadores das Universidades de MacMaster e Ryerson não só terá sido decapitado como foi possível captar o filme com o suplício final.Para alguns podia ser o capítulo final de uma rábula simplista que pretende confirmar que os EUA são diferentes do resto do mundo, mas não, a história não acaba aqui… e sim, de um certo ponto de vista, os EUA são diferentes do resto do mundo: pouco depois de as primeiras imagens chegarem à Web, começaram a circular as suspeitas de que o filme de CCTV pode não ser mais que uma partida do tamanho da Internet – ou até algo de gosto ainda mais duvidoso.
O vídeo começou por ser distribuído no Snapchat. São três minutos que podem ser resumidos da seguinte forma: um homem, percorre sozinho as ruas de Filadélfia, por volta das 5h00 da madrugada. De súbito trava o passo, observa, segue em frente… mas depois regressa e é nesse momento que tem lugar o ataque, que culmina com a extração de um dos membros do autómato. Porquê? Ninguém sabe ao certo. Sites como o CBC, Gizmodo ou The Telegraph logo trataram de publicar as primeiras notícias com o vídeo “assassino” – apesar de não haver forma de confirmar de que a vítima seja mesmo o Hitchbot.
As imagens, numa estética que mais parece um filme negro em versão CCTV, nunca permitem ver ao certo a vítima. O que produziu dois resultados: 1) não há forma de confirmar que foi mesmo o Hitchbot o sacrificado, 2) o filme produz um efeito emotivo há muito conhecido do cinema, que potencia a imaginação do espetador através da supressão de cenas (neste caso, o alvo do espancamento).
A Internet não tardou a reagir: houve quem logo lembrasse que naquela rua não há câmaras de videovigilância; e houve também quem logo se aprestasse a apontar o dedo a Jesse Wellens, uma das últimas pessoas que transportaram o famoso robô das boleias e que também logo demonstrou especial interesse em saber o sucedido com o autómato depois de o deixar em Elfreths Alley, uma rua importante para a história dos EUA e que surge nas parangonas das pesquisas do Google como a mais antiga via residencial habitada nas Terras do Tio Sam.
Neste ponto da história importa explicar quem é Jesse Wellens: trata-se de um youtuber com mais de 900 mil seguidores.
A CBC recorda o empenho de Wellens em tentar obter as imagens do circuito de videovigilância para poder denunciar o atacante; ontem, Wellens deu por terminada a missão com a obtenção do vídeo. Alguns órgãos de comunicação social que publicaram o vídeo chegam a alertar mesmo os internautas mais suscetíveis para a violência das imagens.
À velocidade de bits e bytes, a teia conspirativa dá nova guinada na Web. E mais uma vez as coisas valem aquilo em que as pessoas estão dispostas a acreditar – e levadas ao extremo serão suficientes para incriminar até o mais angélico dos inocentes. À falta de melhor, Wellens é considerado o único culpado possível em muitas das caixas de comentários de notícias e fóruns da web: foi, juntamente com o amigo Ed Bassmaster, o último a ver o autómato, quando o deixou às 4h00 da manhã no meio de Filadélfia; também foi o mesmo Wellens que anunciou o momento da despedida junto das centenas de milhares de seguidores. O que poderia ser suficiente para desinquietar alguém com más intenções, mas não evitou a proliferação de suspeitas que recordam que o atacante usava a camisola o quarterback Randall Cunningham, que alinha com o número 12 nos Eagles de Filadélfia – tal e qual Wellens costuma fazer .
Já houve inocentes penitenciados por menos. Mas pelo menos até ver, seja culpado ou inocente, Wellens está livre de qualquer acusação. A polícia de Filadélfia já disse que apenas pode atuar depois de denúncia. E os criadores do Hitchbot já fizeram saber que não querem enveredar pela justiça. Eis o alegado vídeo da alegada câmara de videovigilância do alegado ataque ao alegado robô Hitchbot.