
Quando inquirido pelo The Verge, o especialista em terapia sexual remete para uma breve descrição do percurso profissional e da expansão da clínica Elements Behavioral Health, em Los Angeles: «Tenho estado no terreno, a trabalhar com a terapia do sexo, desde o início dos anos 1990. Depois veio a Internet, e passámos de uma pequena loja num centro comercial para uma situação em que temos filas de espera à frente da porta. Hoje, temos mais de 150 clientes por semana. E temos seis a oito terapeutas. Sim, isto está a ficar pior», atenta Robert Weiss.
No imaginário dos norte-americanos, as palavras de Robert Weiss trazem à memória o caso protagonizado recentemente pelo congressista Anthony Weiner, que recorria ao nickname Carlos Danger para assediar sexualmente internautas. Numa entrevista ao New York Times, o ex-congressista negou ser viciado em sexo e justificou a reincidência no sexting (buzzword formada pela junção das palavras “sex” com “texting”) com a proliferação de ferramentas na Internet que facilitam o contacto com outras pessoas e permitem fazer «coisas estúpidas».
O tema está envolto em polémica – e os próprios termos usados para designar o alegado vício sexual também não ajudam a chegar a um consenso. Na lista de disfunções sexuais da Associação de Psiquiatria Americana não há qualquer referência ao vício de sexo. O que torna questionável a atividade de todas as clínicas que alegadamente desenvolvem terapias para pessoas que justificam um alegado vício de sexo com aquilo que veem na Internet.
Os “novos” terapeutas da sexualidade como Robert Weiss dizem que é tempo de rever os conceitos e classificações em uso na terapia sexual, uma vez que os comportamentos alegadamente desviantes que surgem em torno da Internet têm, muitas vezes, como resultado o divórcio, a perda de emprego ou dívidas elevadas.
Na Universidade da Califórnia em Los Angeles, há quem já esteja em campo a analisar os efeitos perversos que o suposto vício no sexo pode trazer quando potenciado pela Internet. Um estudo sobre denominados “pacientes hipersexuais” apurou que 20% dos inquiridos tinham perdido o emprego, pelo menos uma vez na vida, devido à obsessão sexual; cerca de 25% terão gasto grandes somas de dinheiro; e cerca de 30% separaram-se dos companheiros.
Robert Weiss não tem dúvidas de que o vício sexual existe e que é tempo de a indústria das tecnologias assumir precauções e responsabilidades: «Consigo juntar centenas de pessoas para conversar em Boston, Los Angeles, ou Chicago, mas não consigo ter um convite em Silicon Valley, eventualmente, porque aqueles que geraram este problema não querem agora desenvolver uma parte da solução».