
O Japão pode muito bem ter uma rede com uma maiores larguras de banda do mundo – mas esse avanço tecnológico não impede que a venda de faxes continue a bom ritmo.
Em 2012, mais de 1,7 milhões de máquinas de fax foram vendidas no país do Sol nascente. A maioria dessas máquinas foi comprada por utilizadores domésticos – uma tradição que não fará muito sentido na Europa, mas que, no Japão, mantém o vigor de outros tempos. Os dados do governo japonês permitem dissipar qualquer dúvida: hoje, a taxa de penetração dos faxes nas empresas nipónicas ronda os 100%; nos lares a mesma taxa está fixada em 45%, noticia o El Pais.
Kenichi Shibata, diretor da operadora NTT Communications e um dos responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia usada nos faxes, admite que é uma questão de mentalidade: «o fax teve tanto sucesso aqui que se tornou difícil substituí-lo».
O envelhecimento da população e o facto de uma mensagem escrita à mão ser encarada com maior cordialidade que o texto de datilografado num e-mail são as duas das razões apontadas para o facto de o fax continuar a resistir à evolução tecnológica. A estes dois fatores junta-se um ciclo comparável ao do “ovo e da galinha”: muitas pessoas não abandonam os faxes porque sabem que, nas repartições do estado e dos municípios, o papel continua a ser usado como meio preferencial para o tratamento de arquivos e o encaminhamento de burocracia; e as empresas não ousam abandonar os faxes porque sabem que o hábito se mantém em grande parte dos lares nipónicos.
A tradição chega mesmo a assumir contornos de curiosidade: segundo a polícia, há clãs da Yakuza, a mais famosa e conhecida máfia do Japão, que continuam a usar o fax para notificar os membros da respetiva expulsão.