A previsão de fenómenos meteorológicos de rápido desenvolvimento, como tempestades e furacões, é uma ciência com muita margem de progressão ainda e a NASA quer mapear em 3D os ventos para dar um contributo decisivo para o avanço. A agência testou o AWP (de Aerosol Wind Profiler) no outono do ano passado quando colocou o instrumento a bordo de um avião que realizou mais de cem horas de voo, incluindo durante um furacão. Os dados estão agora a ser analisados e podem ser usados para desenvolver modelos meteorológicos mais precisos.
Kris Bedka, principal investigador no Langley Research Center da NASA para o AWP, conta que “há uma falta generalizada de medições globais de vento acima da superfície da Terra. Os ventos são medidos por aeronaves comerciais à medida que voam para os seus destinos e por balões meteorológicos lançados até duas vezes por dia em apenas 1300 locais do globo. A partir do espaço, os ventos são estimados pela monitorização de nuvens e de movimentos de vapores de água a partir de imagens de satélite”. Esta situação leva a que em áreas sem nuvens ou onde os vapores de água não podem ser detetados com facilidade, não há tipicamente medições de vento fiáveis. É aqui que o AWP pretende fazer a diferença, com perfis 3D dos ventos.
O instrumento foi colocado dentro de um avião e operou com a emissão de 200 disparos de laser por segundo que se dispersavam e refletiam em partículas de aerossol no ar, como poluição, poeiras, fumo, sal marinho e nuvens. Os movimentos destas partículas fazem com que o comprimento de onda de luz do laser se modifique, no conceito definido como Efeito de Doppler. A medição combinada das emissões laser disparadas em duas direções permite a criação dos vetores de vento em perfis 3D, representando com precisão a velocidade e a direção do vento.
“Estamos a medir ventos em diferentes altitudes na atmosfera simultaneamente com grande nível de detalhe e precisão”, conta Bedka no comunicado da NASA.
Durante os voos, o AWP esteve emparelhado com o HALO, de High-Altitude Lidar Observatory, que mede vapores de água, aerossóis e as propriedades das nuvens. Numa outra abordagem, também as sondas da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Adminstration) recolheram dados como temperatura, vapores de água e sobre o vento.
O investigador conta que “com o pacote de instrumentos a bordo de aeronaves pequenas e baratas de operar, temos uma capacidade bastante poderosa. A combinação do AWP com o HALO é o próximo pacote de sensores meteorológicos remotos aéreos da NASA, que também esperamos que possam voar a bordo de satélites para benefício de todos”.
Leia o comunicado completo da NASA, com vídeos e imagens da operação.