A ciência e engenharia de fusão acabam de avançar um passo importante, com a revelação das novas experiências conduzidas no Joint European Torus, JET, no Reino Unido. A equipa internacional utilizou deutério-trítio e conseguiu produzir uma elevada potência de fusão de forma consistente por cinco segundos, resultando num recorde pioneiro de 69 megajoules de energia e utilizando apenas 0,2 miligramas de combustível.
O JET é um tokamak, uma configuração que usa campos magnéticos potentes para confinar um plasma na forma de um donut. A maioria das abordagens para a criação de fusão comercial favorece o uso de duas variantes de hidrogénio, deutério e trítio, que, quando se fundem, produzem hélio e grandes quantidades de energia, uma reação na base das futuras centrais de fusão, explica o comunicado de imprensa.
Fernanda Rimini, Senior Exploitation Manager do JET, explica que “somos capazes de criar plasmas de fusão de forma fiável usando a mesma mistura de combustível que será usada por centrais comerciais de energia de fusão”. Alguns dos responsáveis do projeto salientam que “além de estabelecer um novo recorde, alcançamos coisas que nunca havíamos feito antes e aprofundámos a nossa compreensão da física da fusão” e que foram demonstradas técnicas que têm como “objetivo proteger a integridade das paredes das futuras máquinas”. Bruno Gonçalves, presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico, conta que “os investigadores portugueses do IPFN/IST têm contribuído ativamente para este objetivo através da participação no consórcio EUROfusion, na exploração do JET e na construção do ITER”.
Estas experiências contaram com a participação de mais de 300 cientistas e engenheiros do EUROfusion, um consórcio de investigadores europeu e foram realizadas nas instalações da Autoridade de Energia Atómica do Reino Unido (UKAEA) em Oxford.
Os resultados da investigação do JET vão ter implicações críticas para o ITER (um megaprojeto de investigação que está a ser desenvolvido em França), para o protótipo do reator de fusão STEP do Reino Unido, o reator de demonstração da Europa DEMO e outros projetos globais de fusão.