A deposição de poeiras provenientes do Saara na superfície dos oceanos transporta elementos como o ferro e o fósforo, nutrientes essenciais para a fertilização do fitoplâncton marinho, especialmente em regiões remotas e afastadas dos continentes, onde o oceano é mais quente e pobre em nutrientes durante quase todo o ano, conclui Catarina Guerreiro, micropaleontóloga e investigadora em biogeociências marinhas no MARE/ARNET. O trabalho desta investigadora mostra que há um claro aumento de concentrações de ferro e fósforo na atmosfera, o que ajuda, no caso de deposição nos oceanos, ao primeiro elo da cadeia trófica marinha e crucial para a produção de oxigénio.
O fitoplâncton permite ao oceano cumprir o papel duplo de fonte de oxigénio e de sumidouro de CO2 atmosférico, tendo um contributo crucial para manter a nossa atmosfera ‘respirável’ para a vida na Terra, lemos no comunicado de imprensa.
Este trabalho observou o aumento na abundância de um grupo especial de fitoplâncton, os cocolitóforos, um grupo muito particular e biogeoquimicamente importante devido à sua capacidade calcificante, que permite interagir com e influenciar o ciclo de carbono marinho. Este grupo serve de sumidouro de dióxido de carbono através da fotossíntese, de fonte natural deste componente através da biomineralização da carapaça e fonte natural de lastro mineral com o qual contribui para facilitar ao fundamento e sequestro de carbono no oceano profundo.
Catarina Guerreiro vai, no seguimento desta investigação, integrar uma expedição multidisciplinar a bordo do navio holandês RV Pelagia para investigar processos biogeoquímicos relacionados com correntes de upwelling e com a deposição de poeiras desérticas no Atlântico tropical.