A nova sociedade complexa descoberta agora pelos arqueólogos era sofisticada, constituía um dos maiores centros culturais da Europa do Sul e teve influência alargada ao resto do continente e ao Mediterrâneo. A descoberta destes indícios na região da Bacia da Panónia, onde hoje se situa a Hungria, vai provavelmente reescrever a História como a conhecemos.
Há milhares de anos, na Era do Bronze, os humanos assentaram naquela região e construíram uma misteriosa sociedade complexa que, sem motivo aparente, desapareceu dali em 1600 AC. A despovoação terá acontecido ao longo de várias décadas e acabou com um “final abrupto”. A investigação agora publicada na PLOS One evidencia que “há uma trajetória oposta que pode ser identificada – em escala, complexidade e densidade em sistemas e de forma intensificada em redes mais distantes”, ou seja, em vez de desaparecer, esta sociedade esteve sim a migrar e a adaptar-se.
Barry Molloy, o autor do estudo, afirma que é uma ligação que faltava: “sabíamos que as sociedades na Europa no segundo milénio AC estavam a interagir a uma escala continental. Também sabemos que o material e os símbolos desta área foram influentes na Europa, mas ainda não tínhamos identificado o tipo de sociedade sofisticada que estaria a liderar estas redes de comunicação. Esta descoberta muda isso”.
A descoberta foi feita com imagens de satélite do Google Maps e do Sentinel-2 da Agência Espacial Europeia, bem como com pequenas escavações localizadas. Os arqueólogos identificaram mais de cem locais pré-históricos nesta região, em mais de oito mil quilómetros quadrados.
As escavações mostram que há locais de dimensões variadas e espaços que os arqueólogos acreditam não estarem abertos a toda a comunidade na altura. “Contudo, nas sepulturas que encontramos, todos eram tratados de forma relativamente igual e havia coisas prestigiantes, como itens metálicos, a serem ali colocados”, conta a equipa.
Os investigadores pretendem voltar ao local e realizar mais escavações para conseguir continuar as descobertas.