Que os corvos são animais extremamente inteligentes, já não havia dúvidas. Agora, uma equipa de cientistas conclui que estes pássaros são capazes de realizar inferências estatísticas, demonstrando ter capacidades de raciocínio complexo.
Fisiologicamente, os corvos têm cérebros grandes para o tamanho do seu corpo e uma parte cerebral posterior proeminente, características associadas com a análise estatística e o raciocínio lógico nos humanos. Além de conseguirem usar ferramentas, como pequenos galhos, já se sabia que os corvos conseguem realizar também contas matemáticas básicas, como somas ou subtrações.
Melissa Johnston, que assina o estudo agora publicado no Current Biology, conta que “no nosso laboratório, mostramos que os corvos têm competência numérica sofisticada, demonstram pensamento abstrato e revelam considerações cuidadas na altura de tomar decisões”. Depois destas conclusões, a equipa quis perceber se os pássaros eram capazes de raciocínio com estatística lógica.
O trabalho de treino foi complexo, mas a equipa trabalhou com dois espécimes para os ensinar que obtinham recompensas quando bicavam em ecrãs táteis, em determinadas condições. “Introduzimos o conceito de probabilidade, de forma que nem todas as bicadas resultavam em recompensa. Foi aqui que os corvos aprenderam os emparelhamentos entre a imagem no ecrã e a probabilidade de receber uma recompensa”, explica Johnston, complementando depois que os corvos rapidamente aprenderam a associar as imagens e os símbolos destas com as probabilidades de receber algo em troca.
Depois de mais de dez dias de treino e mais de cinco mil experiências, os dois corvos continuaram a escolher as imagens com maiores probabilidades, evidenciando capacidade de uso de inferência estatística.
Este conceito envolve o uso de informação limitada sobre uma situação para se tirar conclusões e tomar decisões. Os seres humanos fazem-na constantemente, mesmo que de forma inconsciente. Agora, a equipa provou que também os corvos são capazes de a realizar.
Leia o estudo completo publicado na Current Biology.