Desde o ano da sua fundação, em 2007, nunca houve nada assim. O Conselho Europeu de Investigação (também conhecido pela sigla em inglês ERC), principal mecanismo europeu de financiamento da ciência, abriu um concurso destinado a subsidiar residências para jornalistas de ciência. E a Universidade NOVA de Lisboa integra o consórcio vencedor, anunciou-se esta quinta-feira. A bolsa tem o valor de 1,5 milhões de euros, destinados a custear a estadia por períodos de três a cinco meses num instituto de investigação europeu, à escolha do jornalista.
O projeto tem o nome FRONTIERS, funcionará entre 2023 e 2027 e tem como objetivo “promover a independência jornalística e a cobertura de investigação de ponta, como aquela que é normalmente apoiada pelo ERC”, descreve-se no comunicado libertado esta quinta-feira, com difusão por toda a Europa.
Prevê-se que durante a vigência do programa seja possível apoiar 30 a 40 residências de jornalistas de toda a Europa, num processo que se espera que venha a ser muito concorrido – como são aliás todos os concursos de financiamento promovidos pelo ERC. “Estamos à espera de que haja muita gente a concorrer”, diz Ana Sanchez que, com António Granado, ambos professores da Universidade NOVA, compõem a parte portuguesa do consórcio.
A dupla de professores está já há largos anos envolvida na promoção da comunicação e divulgação de Ciência, sendo responsáveis, desde 2011, pelo Mestrado em Comunicação de Ciência daquela universidade. Os restantes parceiros são a Universidade de Pompeu Fabra, em Barcelona, que ficará responsável por uma componente formativa dos jornalistas selecionados; o Centro para a Ética em Ciência e Jornalismo, de Itália, que terá como missão garantir a longevidade do projeto, encontrando, eventualmente, financiamento para que este possa ser prologado além de 2027; e a consultora israelita Enspire Science, que coordena o projeto e está responsável pelas componentes administrativas. A Lisboa ficou adjudicada a responsabilidade pelo pacote de disseminação do projeto, estando a ser equacionada a produção de um documentário que funcione como um registo desta iniciativa única, que assenta em três premissas base, descreve Ana Sachez: “liberdade [do jornalista], num instituto que promova investigação de fronteira e em qualquer área do conhecimento.”
Durante o período de vigência do FRONTIERS, serão anunciadas três fases de candidatura a que os jornalistas poderão concorrer a nível europeu. As propostas serão avaliadas com o apoio de uma comissão independente e os vencedores assinarão então um acordo de dedicação total ao projeto, durante o período necessário à sua realização. Espera-se que a primeira fase de candidaturas aconteça só no final deste ano, uma vez que até lá é preciso estabelecer o regulamento e montar o próprio processo de candidatura.