“Isto é exatamente aquilo a que chamamos aprendizagem associativa”, explica Simon Sprecher, da Universidade de Friburgo, que descobriu que a anémona estelar Nematostella vectensis consegue aprender de forma sofisticada. Esta criatura marinha faz a ligação entre impulsos elétricos e de luz e consegue chegar assim a uma aprendizagem complexa.
No caso dos animais com cérebro, a capacidade de memorizarem a ligação entre estímulos e as suas consequências está presente e ajuda a regular a força sináptica e a plasticidade do cérebro. No entanto, nem todos os animais possuem este órgão, como é o caso das anémonas que têm um sistema nervoso descentralizado, o que faz com que a sua aprendizagem tenha de acontecer de formas não associativas.
Agora, uma equipa de investigadores de Friburgo e de Barcelona sujeitou espécimes desta anémona para conduzir experiências científicas clássicas, com luzes e choques elétricos. Investigações semelhantes, feitas há 40 anos, produziram resultados inconsequentes, pelo que os cientistas quiseram saber agora se havia alguma recompensa ou consequência negativa para os casos em que fosse desencadeado um evento neural.
No estudo, conjuntos de 10 a 18 anémonas foram sujeitos a impulsos elétricos ou luminosos de forma sincronizada, enquanto outros o foram a impulsos não coordenados. Os animais receberam choques elétricos para fazer com que retraíssem os seus pequenos tentáculos como consequência negativa. Um conjunto foi submetido a luzes e choques ao mesmo tempo durante o treino e acabou por adaptar-se, condicionando o comportamento quando os indivíduos estavam apenas sujeitos a luz. No grupo que recebeu os dois impulsos de forma coordenada, 72% começaram a retrair os tentáculos depois quando viam apenas a luz. No outro grupo, o dos estímulos não sincronizados, apenas 30% retraia os tentáculos quando via só a luz, explica o Science Alert.
“Na maior parte dos organismos, os circuitos neuronais definidos e os mecanismos moleculares responsáveis por formas específicas de memória foram identificados. Sabemos muito pouco sobre o processo de aprendizagem em animais que têm um sistema nervoso simples”, afirma Sprecher.
O trabalho aqui iniciado, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, vai agora ser continuado e aprofundado.