Nos últimos anos, desde que os relógios atómicos começaram a registar o ritmo da rotação da Terra, têm sido registados vários dias mais curtos do que esperado, na ordem dos milissegundos a menos. Em 2020, foram registados os 28 dias mais curtos da História, depois a 26 de julho deste ano o dia durou menos 1,5 milissegundos do que se esperava.
Leonid Zotov, investigador da Universidade Estatal de Moscovo, explica que “desde 2016, a Terra começou a acelerar. Este ano roda mais rápido do que em 2021 e 2020”, cita a CBS News. Se contarmos desde a formação do planeta, os dias têm sido mais longos: há 1,4 mil milhões de anos, o dia tinha apenas 19 horas. Em média, cada dia dura mais 74000 avos de segundo atualmente, mas a rotação da Terra varia, se olharmos numa perspetiva diária.
O degelo e regelo dos glaciares, fenómenos naturais intensos como terramotos ou ventos e o clima podem ser os responsáveis por estas irregularidades, com alguns investigadores a apontarem o fenómeno ‘Chandler wobble’, um desvio irregular nos pontos de rotação da Terra relativos à Terra sólida, também como causa.
Desde 1972, a comunidade tem vindo a adicionar o Segundo Intercalar como forma de compensar e garantir que os relógios estão sincronizados. Agora, com a tendência de os dias ficarem mais curtos, pode haver a necessidade de se adicionar um Segundo Intercalar negativo, com o relógio UTC a ‘saltar’ um segundo. Estas ‘manobras’ têm grande impacto em sistemas tecnológicos e a Meta já veio a público pedir que se pare a sua utilização, alegando que anomalias nos serviços da Reddit e da Cloudflare por este motivo. Um Segundo Intercalar negativo pode potencialmente causar ainda mais disrupções.
Oleg Obleukhov e Ahmad Byagowi, engenheiros do Meta, referem que “o impacto de um Segundo Intercalar nunca foi testado nesta escala; pode ter um efeito devastador no software que assenta nos temporizadores ou agendadores”.