Depois de uma paragem de mais de três anos, o acelerador de partículas do CERN, na Suíça, regressou em força à atividade e ao fim de apenas alguns dias de funcionamento atingiu logo um recorde de energia. Os protões circularam no túnel de 27 quilómetros com uma energia de 6,8 TeV, quando o valor máximo anterior era de 6,5TeV, atingido em 2015. “Embora seja um aumento de energia relativamente modesto, é um aumento sobre um valor que era o anterior recorde de energia em colisões protão/protão em laboratório”, sublinha o professor e investigador Nuno Castro, da Escola de Ciências da Universidade do Minho. “Este novo valor está muito próximo do limite previsto, de TeV”, disse Joerg Wenninger, responsável pelo LHC.
A paragem, prolongada pela Covid, serviu para melhorar a qualidade do feixe, aumentando a probabilidade da ocorrência de colisões entre as partículas, e também para melhorar o sistema de seleção de eventos de estudo. Estas alterações alimentam fortes expectativas de que seja possível esclarecer alguns dos grandes mistérios da Física, como a natureza da matéria negra, as partículas supersimétricas ou uma quinta força da natureza. Uma área em que subsistem ainda muitas dúvidas.
“Em termos de investigação, aumentar a energia permite aceder a novas regiões, anteriormente inexploradas. Sendo um aumento relativamente modesto, não deixa de ser relevante”, compara Nuno Castro, reforçando que nesta terceira fase de atividade do LHC – onde, nunca é demais lembrar, se identificou o Bosão de Higgs, em 2013 – a diferença mais significativa está relacionada com a quantidade de dados recolhidos. “O fator chave nesta terceira fase de operação é permitir acumular mais dados, mais do que os obtidos, conjuntamente, nas duas fases anteriores”, compara.
Lá para o verão, e pondo os feixes de protões a circular em direções opostas, espera-se que seja possível atingir o limite de 13,6 TeV, em experiências que irão durar até 2026.