Um estudo de dois investigadores da Universidade de Harvard de 2019 já dava conta do primeiro objeto interestelar conhecido a chegar à Terra cinco anos antes. Agora, um documento publicado pelo USSC confirma a descoberta destes investigadores e avança ainda que possam estar resíduos interestelares no Oceano Pacífico provenientes deste meteorito que se incendiou nos céus sobre a Papua Nova Guiné.
A descoberta de Amir Siraj, estudante de Harvard, aguarda ainda a revisão dos pares e a publicação há alguns anos coincidiu no tempo com a descoberta de dois outros grandes corpos interestelares, o Oumuamua e o Borisov, que não chegaram a estar próximos de contacto com a Terra. Siraj confirma ao Motherboard que já está a preparar uma equipa para ir procurar no leito do oceano ao largo da Papua Nova Guiné em busca de detritos provenientes da chegada deste meteorito mais pequeno.
As probabilidades são baixas, uma vez que os vestígios podem ser em quantidades bastante reduzidas e estão dispersos numa área geográfica muito extensa. “É um grande desafio, mas vamos procurar em profundidades extremas porque a possibilidade de obtermos material interestelar é entusiasmante o suficiente para procurarmos intensivamente e falar com todos os peritos mundiais em expedições marítimas de recuperação de meteoritos”, afirma Siraj.
Amir Siraj e o co-autor do estudo Avi Loeb pretendem analisar a base de dados de impactos de meteoros mantida pelo Center for Near Earth Object Studies (CNEOS) da NASA que contém cerca de mil registos. Uma explosão de uma bola de fogo registada em 2014 perto da Ilha Manus e com uma velocidade superior a 210 mil quilómetros por hora deixa no ar a possibilidade de ter tido origem num sistema planetário ou estrela distantes do sistema solar.
Com parte dos sensores que monitorizam estas ocorrências a serem controlados pelo governo dos EUA, Siraj explica que está embrenhado num processo que se adivinha longo e constitui um labirinto burocrático entre várias organizações estatais para conseguir que o seu estudo seja revisto e publicado. Agora, o documento do USSC datado de 1 de março pelo menos confirma a elevada velocidade de entrada que pode corroborar a existência de uma trajetória interestelar. Siraj vai renovar os esforços para conseguir que a sua descoberta original seja então revista e publicada para usufruto da comunidade científica.