A empresa britânica First Light Fusion tem vindo a trabalhar na abordagem de ‘fusão de projéteis’ já desde 2011 e anunciou agora ter conseguido fundir com sucesso núcleos atómicos. A Autoridade para a Energia Atómica do Reino Unido validou os resultados deste primeiro teste e considera-o um passo importante no processo de se conseguir gerar eletricidade a partir de uma reação similar à que acontece no Sol.
A abordagem desta startup envolve disparar, numa câmara [a que se vê na imagem], um projétil contra um alvo que contenha o ‘combustível’, o que pode representar um formato mais rápido na geração de energia do que outras técnicas que estão a ser exploradas – como as que assentam em máquinas tokamak ou lasers potentes. A proposta da First Light Fusion oferece uma solução potencialmente mais barata e mais fácil para se produzir energia e usa uma câmara de gás para lançar um projétil a 6,5 km/segundo em direção a um alvo minúsculo para amplificar a energia do impacto e forçar núcleos de deutério, usado como ‘combustível’, a fundirem-se. Nicholas Hawker, diretor executivo da empresa, explica que o segredo assenta na forma do alvo, um pequeno cubo com pouco mais de um centímetro e que tem duas cápsulas esféricas com o combustível.
A startup é apoiada pela gigante chinesa Tencent e espera produzir e vender estes alvos para alimentar fábricas que terão de vaporizar um destes a cada 30 segundos para garantir a alimentação de energia contínua. Outra vantagem é que as fábricas podem continuar a usar a maior parte do equipamento e tecnologia existentes, tornando o processo de transição energética muito mais barato do que outras abordagens de energia de fusão nuclear, lembra o Financial Times.
Ian Chapman, do regulador britânico que validou o avanço, considera que “a fusão promete ser uma parte segura, de baixo carbono e sustentável do futuro do abastecimento energético do mundo e apoiamos todos os avanços neste grande desafio científico e de engenharia”.
A maior parte das tentativas atuais de se conseguir energia através do processo de fusão assentam em máquinas tokamak, desenhadas por cientistas soviéticos, e que usam ímanes poderosos para conter plasma de dois isótopos de hidrogénio no mesmo local e que é aquecido a temperaturas mais quentes do que o Sol, forçando a fusão dos núcleos atómicos. Ao contrário da fissão, a fusão nuclear não produz desperdício radioativo significativo, não produz emissões de carbono e, em teoria, um pequeno recipiente de combustível será suficiente para gerar energia para uma casa durante centenas de anos.
A First Light Fusion angariou já 60 milhões de dólares para subsidiar estes esforços e conseguiu mais 45 milhões no passado mês de fevereiro.