As portuguesas ATLAR, Critical Software e Faculdade de Ciências da Universidade do Porto vão desenvolver software e soluções informáticas para o Square Kilometre Array (SKA), o maior telescópio jamais construído. As organizações garantiram contratos que perfazem os 3,1 milhões de euros.
O projeto vai assentar em duas das maiores redes de radiotelescópios alguma vez criadas, instaladas na África do Sul e na Austrália: a primeira vai ter 197 antenas orientáveis de 15 metros de diâmetro e a segunda terá 131.072 antenas periódicas de registo fixo. O SKA vai permitir que a astronomia inicie uma viagem científica muito mais profunda do que fez até aqui.
As duas empresas e a faculdade portuense foram selecionadas por um concurso organizado em Portugal pelo Observatório SKA (SKAO) e vão fornecer serviços de análise, conceção, construção, codificação, verificação, validação, implementação, lançamento, manutenção, depuração e documentação de software e sistemas. “Isto permite que Portugal esteja na linha da frente daquele que é um projeto científico emergente e transformador, ao mesmo tempo que as empresas e centros de investigação nacionais desenvolvem capacidades tecnológicas numa área fundamental do conhecimento e reforçam o seu potencial de crescimento”, sublinha Luís Serina, responsável pela política industrial da Portugal Space, a agência espacial portuguesa, em comunicado de imprensa.
Maurizio Miccolis, gestor de projetos de software do SKAO, reforça que “a finalidade destes contratos, que têm o objetivo de fomentar uma parceria mais do que uma troca comercial, é gerar valor para o Observatório, bem como para os fornecedores portugueses”.
A Critical Software já estava ligada ao SKA antes deste concurso, desde 2016, tendo sido responsável pela análise independente dos requisitos dos sistemas Telescope Manager e do Signal and Data Transport, pela análise de fiabilidade, disponibilidade, manutenção e segurança destes e pelo desenvolvimento de software e algoritmos de Science Data Processor, que processam os dados gerados pelos telescópios. Agora, a empresa vai participar no desenvolvimento da plataforma de criação de aplicações.
A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto está ligada ao SKA desde 2014, desde as fases de desenho e pré-construção do SKA e tem sempre entre um a três académicos a colaborar a tempo inteiro com a iniciativa. Agora, vai focar-se sobretudo sobre a Software Defined Infrastructure, criando e disponibilizando máquinas virtuais em plataformas de supercomputação e desenvolvendo ferramentas para que as várias equipas possam correr os seus códigos de forma segura.
Já a ATLAR, startup sediada na Pampilhosa da Serra, vai receber a maior fatia deste concurso, 1,8 milhões de euros, para integrar todo o software de gestão e operação das centenas de antenas do SKA, desenvolver o software de controlo e monitorização do correlador digital do SKA e também já está há anos a trabalhar no design e pré-construção do gestor do radiotelescópio.