A matéria escura não reflete, absorve ou emite luz, o que tem dificultado a sua observação e comprovação, mas, acredita-se, é bastante comum no Universo. Assim, as teorias da sua existência baseiam-se na análise das suas interações com a luz e com matéria ‘normal’. Agora, uma equipa do SLAC, nos EUA, e da Universidade Paris Saclay, em França, propõe analisar os sinais únicos criados durante colisões com estrelas provocadas por um fenómeno que os cientistas denominam de asteroides de matéria escura.
A equipa pretende perceber melhor as propriedades da matéria escura, incluindo a massa das partículas que a compõe, e focou-se em ‘pedaços’ que teriam uma massa equivalente à de um asteroide, explica a publicação New Atlas. Kevin Zhou, um dos autores, conta que “a maior parte das experiências procura matéria escura em partículas separadas, cada uma tão pesada quanto um núcleo atómico, ou em pedaços tão massivos quanto planetas ou estrelas. Nós estamos interessados no caso intermédio de matéria do tamanho de um asteroide, que se considera ser difícil de testar empiricamente, uma vez que os asteroides escuros são demasiado raros para impactar com a Terra e demasiado pequenos para serem vistos no Espaço”.
Os cientistas querem perceber quando estes asteroides passam por objetos astronómicos e acabam por se revelar, virtude das ondas de choque produzidas pela passagem ou colisão. Estas ondas, ao atingirem a superfície da estrela, criam também um sinal de curta duração no espetro ótico, ultravioleta e raio-X que acaba por ser detetado pelos telescópios, num efeito semelhante ao de chamas que as estrelas já produzem habitualmente. A equipa vai apostar nas estrelas com emissões ultravioleta reduzidas, como as anãs-laranja, para facilitar a deteção.
Com os telescópios existentes atualmente e com os que estão previstos nos próximos anos, os astrónomos acreditam ser possível detetar os sinais destes asteroides de matéria escura mesmo sem terem de estar especificamente à procura destes.
A pesquisa por matéria escura continua a ser um desafio para os cientistas e surgem cada vez mais abordagens diferentes que permitam a sua observação.