Há uma fonte não identificada no centro da galáxia a emitir sinais de rádio num padrão inédito que passa por semanas consecutivas de transmissão, para de repente parar de todo. A descoberta já tinha sido anunciada no ano passado, mas a equipa de investigadores recorreu a mais tempo de observação com outros instrumentos e traz agora novos detalhes que tornam a situação ainda mais intrigante. Esta é a mais recente peculiaridade a ser revelada à medida que a Humanidade tem telescópios rádio cada vez mais sensíveis apontados ao espaço.
As observações do ASKAP (o Australian Square Kilometre Array Pathfinder) identificaram a fonte ASKAP J173608.2−321635 como sendo possivelmente “representativa de uma nova classe de objetos a ser descoberta por observações de imagens de rádio”, explica o estudo publicado no The Astrophysical Journal. A equipa de ZIteng Wang, da Universidade de Sydney, explica que “para complementar o mistério, a fonte do sinal de rádio liga-se e desliga-se irregularmente. O brilho desta fonte pode mudar drasticamente, apagando-se gradualmente ao longo do dia, mas às vezes mantém-se acesso durante semanas”, cita o Motherboard.
As leituras de janeiro a setembro de 2020 revelam que a força do sinal varia num fator de 100 vezes e mostram seis aparições deste sinal. Outros observatórios também foram capazes de detetar estes sinais depois em fevereiro e abril de 2021. A equipa quis procurar por vestígios desta fonte em infravermelhos e em raios-X usando os telescópios da NASA Neil Gehrels Swift Observatory e Chandra X-ray Observatory, mas o misterioso sinal de rádio não aparece nestes comprimentos de onda do espetro eletromagnético. “Uma vez que a fonte foi descoberta com telescópios de rádio e não foi vista noutras comprimentos de onda, observações subsequentes noutros comprimentos de onda poderiam ajudar a revelar a natureza da fonte. Por exemplo, uma observação de maior resolução poderia ajudar a localizar a fonte de forma mais precisa e poderia ajudar potencialmente a descobrir o congénere em comprimentos de onda óticos”, explica Wang.
“Julgamos que a fonte poderia ser um pulsar (uma estrela morta) ou uma estrela brilhante, com base no que vimos nos dados VAST. Mas observações posteriores mostram que estes dois cenários não ajudam a explicar este comportamento”, completa o investigador.
Até agora, não há qualquer objeto conhecido que explica estes sinais estranhos e os cientistas vão realizar novas observações na expetativa de “conseguir perceber melhor este fenómeno astrofísico extremo”.