Uma equipa dirigida pelo investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IAstro) Tomás Silva usou dados de trânsito da missão espacial Kepler em conjunto com dados de velocidades radiais dos espectrógrafos do Observatório Europeu do Sul CORALIE e HARPS para detetar o HD 137496 b, um exoplaneta que cai no grupo dos raros super mercúrios.
Tomás Silva destaca que “este planeta entra diretamente para o grupo extremamente restrito dos super mercúrios detetados até hoje, o que só foi possível graças à precisão alcançada neste estudo, quer na caracterização do planeta, quer na caracterização da estrela“, lê-se no comunicado de imprensa. Este tipo de planetas tem uma composição com uma grande percentagem de ferro. No caso deste exoplaneta, o ferro representa mais de 70% da sua composição, o que não é espelhado na composição química da estrela.
Oliver Demangeon, também do IAstro, destaca que “o HD 137496 b não é apenas mais um. A sua invulgar alta densidade é difícil de explicar com os modelos atuais de formação planetária. Só conhecemos uma mão cheia destes super mercúrios, pelo que estes representam um desafio e uma oportunidade para melhorarmos o nosso conhecimento acerca da formação de planetas”.
Como as propriedades de alguns dos exoplanetas são tão diferentes da sua estrela, presume-se que existam outros processos de formação de planetas além da simples agregação dos materiais do disco protoplanetário.
Impactos com asteroides ou com outros planetas, combinação de altas temperaturas e interações magnéticas que concentram os materiais ricos em ferro do disco protoplanetário ou até exoplanetas gigantes que ao migrarem para mais próximo da sua estrela tiveram as suas atmosferas arrancadas deixando exposto o seu núcleo são algumas das teorias em cima da mesa para explicar invulgar composição deste exoplaneta.
Tomás Silva explica ainda que “devido à grande proximidade do planeta à estrela, as altas temperaturas e falta de atmosfera permitem que a superfície vaporize e escape, com os materiais a ficarem albergados numa espécie de exosfera que se assemelha à cauda de um cometa. Medir os elementos presentes na exosfera permite-nos saber a composição da superfície deste planeta”.