O exoplaneta Gj 367b tem 70% do tamanho e 55% da massa do planeta da Terra. Os investigadores esperam que a descoberta deste mundo rochoso permita avançar mais na descoberta de outros da sua classe, os USP (da sigla inglesa para ‘ultra-short period’), que completam órbitas em torno de uma estrela muito mais rápido do que é habitual. Este exoplaneta orbita em torno de uma anã vermelha – que está a ‘apenas’ 31 anos-luz do Sol (a Via Láctea tem cem mil anos de ‘comprimento’) – e um ano demora 7,7 horas.
Kristine W. F. Lam, do Instituto de Investigação Planetária do Centro Aerospacial da Alemanha, conta que “já conhecemos alguns destes, mas as suas origens são atualmente desconhecidas”, adicionando que “ao medir as propriedades fundamentais precisas do planeta USP, podemos ter um vislumbre da formação do sistema e da sua história evolucionária”.
A descoberta deste planeta foi feita através de observações recolhidas pelo TESS da NASA, que analisa diferenças de brilho subtis causadas pela transição de um planeta ou outro corpo em frente à sua estrela, na perspetiva da nave. As observações mostram um período orbital bastante curto e permitem aferir também o tamanho relativo face à sua estrela. Depois, o HARPS (de High Accuracy Radial Velocity Planet Searcher) foi usado a partir do Observatório Europeu do Sul para complementar as descobertas.
Szilárd Csizmadia, também do mesmo Instituto, explica que “a elevada densidade indica que o planeta é dominado por um núcleo em ferro. Estas propriedades são semelhantes às de Mercúrio, com a desproporção de ferro e níquel que os diferencia de outros corpos no sistema solar”, cita o Space.com. Os investigadores ainda não têm certezas sobre a formação deste planeta, avançando com as hipóteses de ser o resto de um outro planeta maior ou de se ter formado a partir de estruturas ricas em ferro.
Outro mistério que se pretende clarificar é sobre como é que este e outros planetas se aproximam tanto da sua estrela: “Como se aproximou? O processo foi pacífico ou violento? Esperamos que este sistema nos traga mais luz”, assume Natalia Guerrero, estudante de doutoramento em Astrofísica da Universidade da Flórida, e que não está envolvida no novo estudo.
Dada a proximidade com o Sol, este exoplaneta não reúne as condições para albergar vida, com as temperaturas a chegarem aos 1500 graus centígrados. Ainda assim, e uma vez que está relativamente próximo da Terra, os cientistas devem agora recorrer a outros instrumentos para o continuar a estudar.