Um esforço conjunto de astrónomos de diferentes nacionalidades resultou na descoberta de 70 a 170 exoplanetas solitários, ou seja, que não gravitam em torno de nenhuma estrela, à deriva. A descoberta foi feita em Upper Scorpius OB, uma região a 420 anos-luz da Via Láctea e as conclusões surgem agora na Nature.
Os planetas errantes e solitários estão envoltos em mistério: não têm qualquer estrela anfitriã e estão a navegar no espaço interestelar, podendo ter se afastado de um sistema estelar ou nunca ter pertencido a um. A comunidade científica pretende analisar melhor como se formaram, a sua composição, o seu tamanho e quão ‘abundantes’ são na galáxia.
Núria Miret-Roig explica que foi observada uma área extremamente grande do céu, num processo tornado “possível graças à compilação de todas as imagens disponíveis em arquivos públicos, juntamente com as nossas observações”. A equipa analisou mais de 80 mil imagens, num total de 100 terabytes de dados.
Esta descoberta duplica o número de planetas solitários conhecidos, o que pode ser um indicador de que o número de corpos nesta condição pode ser superior ao que se supunha inicialmente. A deteção acontece depois de analisados dados astronómicos de 20 anos, incluindo leituras do Observatório Europeu do Sul, do Telescópio Canadá-França-Havai, do Telescópio Subaru e do satélite Gaia da Agência Espacial Europeia, bem como os dados do Arquivo NOIRLab Astro Data, noticia o Gizmodo.
Por não haver uma estrela de referência e não ser conhecida a sua trajetória, é difícil a deteção deste tipo de planetas. A equipa assumiu que estes tinham sido formados recentemente e que ainda pudessem estar quentes, sendo diretamente observáveis pelos telescópios. Assim, foi medida a luz em diversos comprimentos de onda, identificando-se um potencial de 3455 candidatos e apurou-se que entre 70 e 170 correspondem efetivamente a planetas do tamanho de Júpiter. Ainda não se conseguiu chegar a um número concreto, dadas as incertezas relacionadas com a idade e a massa destes objetos.