A partir desta segunda-feira, Portugal irá ter um museu que não devia de existir: o Museu da Extinção Marinha (MEM). Totalmente virtual, irá permitir a visita através da leitura do QR Code nos totens instalados em vários pontos do país e visa “mostrar a importância da preservação das áreas marinhas protegidas em Portugal e de toda a biodiversidade que nelas habita”, refere o museu em comunicado.
Para Gonçalo Silva, investigador do ISPA e líder do projeto “é de máxima urgência resolver e evitar a degradação dos oceanos e o declínio da biodiversidade provocadas pelo Homem, se queremos inverter a autodestruição. As pessoas devem conhecer, valorizar e proteger a riqueza natural das nossas áreas marinhas, que são essenciais para uma gestão regulada do oceano, ou arriscamo-nos a perder todo este capital natural. Por isso acreditamos que, informando os portugueses sobre este tema, todos poderemos ter um papel mais ativo na conservação destes lugares”.
Trata-se de uma obra arquitetónica de Richard Bak Gordon para o projeto científico BiodivAMP. A escolha do nome “O Museu que não devia existir” antecipa a extinção marinha como uma realidade provável, mas ainda evitável. A entrada virtual no MEM apresenta importância da preservação das áreas marinhas protegidas (AMP) em Portugal e sensibiliza ainda que o visitante tenha conhecimento da urgência de proteger estes locais bem como quais as espécies marinhas em perigo de extinção nessa zona e o que poderá fazer para o evitar.
A somar a vários fatores, destaca-se as alterações climáticas bem como a perda de habitats como fatores relevantes para a redução da biodiversidade. Segundo o arquiteto do projeto, Ricardo Back Gordon, “nos últimos anos, em paralelo com a pandemia que alastrou a todo o planeta, foram inúmeras as catástrofes naturais que tornaram evidente a condição altamente instável do planeta. Já há muito tempo que deixou de ser um problema futuro. Qualquer que seja o contributo, um grito de alerta para travar a degenerescência do planeta, é indispensável. Por isso, a Bak Gordon quis associar-se à WWF, e contribuir para chamar à atenção para a salvaguarda de ecossistemas tão sensíveis e em risco efetivo de extinção.” Assim, reforça-se a importância da gestão eficaz das áreas marinhas protegidas para proteger os habitats marinhos, reduzir a pressão sobre espécies com interesse comercial e fornecer refúgio para espécies mais sensíveis.
“Depois de ter sido possível visitar o MEM nas praias pertencentes a AMP – como a de Ofir, Zambujeira e da Figueirinha – e em 6 áreas marinhas protegidas nacionais, que coincidem com algumas das zonas mais turísticas do país, tornando a presença humana num fator de pressão destrutiva, atualmente é possível visitar o ‘O Museu que não devia existir’ no Aquário Vasco da Gama (Lisboa), no Centro Comercial Alegro Alfragide e no Centro Comercial Alegro Setúbal”, refere o comunicado.
O Museu da Extinção Marinha é uma ideia criativa da agência NOSSA, é um projeto liderado pelo ISPA–Instituto Universitário e pelo MARE, e reúne especialistas da Naturalist, ANP|WWF, CCMAR, Câmara Municipal de Esposende, EcoAlga, Instituto Politécnico de Leiria e Museu de História Natural do Funchal.