Iain McDonald, da Universidade de Manchester, analisou observações do Telescópio Kepler de 2016 e verificou a existência de quatro planetas a flutuar sem ligação a qualquer estrela. Durante a campanha de dois meses, o Kepler monitorizou uma região com milhões de estrelas no centro da nossa galáxia a cada 30 minutos em busca de eventos raros de microlente. Dos 27 sinais detetados, com durações variáveis entre uma hora e dez dias, quatro são novas observações que evidenciam a existência de planetas com massas semelhantes à da Terra, explica o Phys.org.
Os quatro curtos eventos não parecem estar ligados a sinais mais prolongados, que seria sinal de uma estrela anfitrião, permitindo teorizar que se tratam de planetas livres. Há a hipótese de terem sido formados em torno de uma destas estrelas, mas depois terem sido afastados pela força gravitacional de outros planetas mais pesados.
O fenómeno da microlente descreve a forma como a luz de uma estrela em segundo plano pode ser temporariamente aumentada pela presença de outra estrela em primeiro plano. Este acontecimento produz um clarão curto no brilho que pode durar horas ou mesmo dias. Apesar de a probabilidade ser baixa (apenas um em vários milhões de estrelas na galáxia é afetado pela microlente a qualquer momento), continua a ser um método válido e aplicado pela comunidade.
O investigador principal lembra que “é extremamente difícil encontrar estes sinais. As nossas observações partem de um telescópio mais antigo com visão desfocada apontado para uma das regiões mais populadas dos céus, onde já há milhares de estrelas com brilho de intensidades diferentes e milhares de asteroides de passagem (…) é como tentar encontrar o clarão de um pirilampo no meio de uma autoestrada, usando a câmara de um telefone”.
Eamonn Kerins, que também assina o estudo, conclui que “o Kepler conseguiu atingir algo para o qual nunca foi desenhado para conseguir e fornece evidências potenciais da existência de uma população de planetas com a massa da Terra e que flutuam livres”.
Agora, outras missões terão de ser planeadas com o objetivo de corroborar estas observações e realizar análises mais aprofundadas sobre o tema.