“Um entendimento da ciência é crucial para processos de tomada de decisão e traz benefícios para o dia-a-dia, como na resolução de problemas e na criatividade”, sintetiza Timo Betz, da Universidade de Göttingen. O investigador é o coautor da ideia que pegou no projeto LegoScope e tentou melhorá-lo, de forma a que fosse possível construir um microscópio de alta resolução somente com peças de Lego.
O único componente ‘externo’ é uma lente usada em câmaras de smartphone e que tem um custo bastante baixo. A equipa percebeu que as lentes atualmente integradas nos smartphones respondem à necessidade de uma objetiva de elevada ampliação e outra de reduzida ampliação. Os investigadores usaram a lente plástica de substituição de uma câmara de um iPhone 5: “Depois de cuidadosamente separar a lente do chip, é colocada num tijolo de Lego com fita transparente e uma película de vidro a tapar”, cita o ArsTechnica. A lente de vidro para a objetiva de reduzida ampliação foi colocada num suporte na mesma peça de Lego. Até a iluminação é proveniente da marca de brinquedos, com um bloco especial que inclui um LED laranja (e que pode ser usado em outras cores). Uma folha de papel pode ser usada para difundir a luz, caso haja essa necessidade para as observações.
O componente que foi mais desafiante de construir foi o que suporta as objetivas. A intenção da equipa é que crianças possam construir este kit completo e é recomendado que seja um adulto ou uma criança mais experiente a montar esta peça. Todo o restante kit pode ser construído pelos mais pequenos, seguindo as instruções fornecidas. Os cientistas propõem ainda algumas experiências básicas que os mais novos podem realizar em casa com o seu microscópio de Lego.
O grupo de teste teve elementos com idades entre os 9 e os 13 anos que conseguiram construir o aparelho e fazer algumas das experiências sem dificuldade. No fim, foram convidadas a responder a um questionário, com os cientistas a notarem que ficaram com mais conhecimentos sobre a microscopia e aprenderam mais conceitos.
Os documentos com as instruções completas e as experiências estão disponíveis em Inglês, Alemão, Neerlandês e Castelhano aqui.
A iniciativa segue a tendência da ‘ciência frugal’, na qual especialistas tentam recriar instrumentos caros com recurso a peças de hardware baratas e software de código aberto, numa tentativa de democratizar o acesso de todos (os mais novos, populações em países em desenvolvimento e outros grupos) à Ciência.