Os resultados da experiência com o íman Muon g-2, realizada do laboratório Fermi National Accelerator do Departamento de Energia dos EUA, já são conhecidos e podem obrigar a repensar o modelo padrão, que descreve o Universo. Os investigadores conseguiram medir com uma precisão sem precedentes o comportamento das partículas fundamentais conhecidas como muões e concluíram que para o explicar talvez seja preciso repensar o chamado Modelo Standard, que explica a relação de forças na matéria. “Uma grande fatia do crédito vai para os nossos jovens investigadores que, com o seu talento, ideias e entusiasmo, permitiram que chegássemos a este resultado incrível”, descreve Graziano Venanzoni, porta-voz da equipa responsável pela experiência.
O estudo apresenta fortes evidências de que os muões se desviam do Modelo Standard da Física e abre portas a uma Nova Física. Um muão tem 200 vezes a massa de um eletrão e ocorre naturalmente quando os raios cósmicos entram na atmosfera da Terra. Os aceleradores de partículas, como o do Laboratório Fermi, conseguem replicar estas condições e produzi-los em grandes números. Durante a experiência – desenhada para explicar uma discrepência detetada há mais de vinte anos entre as previsões teóricas e as medições experimentais – os muões circularam no íman Muon g-2 e interagiram com uma ‘espuma’ de partículas subatómicas de curta duração. Essas interações afetaram o factor de aceleração ou abrandamento no percurso dos muões. O Modelo Standard prevê este comportamento anómalo com exatidão, mas se as partículas subatómicas forem sujeitas a forças adicionais ou a outras partículas não registadas neste modelo, a afetação é diferente. “Esta quantidade medida reflete as interações do muão com tudo o resto no universo. Mas quando os teóricos a calculam, para a mesma quantidade, usando as forças e partículas conhecidas do Modelo Standard, não chegamos à mesma resposta”, explica Renee Fatemi, da Universidade do Kentucky, “Isto é uma evidência clara de que o muão é sensível a algo que não está teorizado ainda”, cita o comunicado de imprensa.
O diretor do Laboratório, Joe Lykken, descreve este trabalho como sendo um “feito assinalável e que vai guiar a investigação para lá do Modelo Standard nos próximos anos. São tempos excitantes para a investigação de Física de partículas e o Fermilab está na dianteira”. Mas são os próprios cientistas envolvidas na experiência a admitir que nada ainda é definitivo. Até porque, como destaca a Vice, num artigo publicado também esta semana na revista Nature por um grupo de físicos de vários institutos europeus, conclui-se que não há qualquer desfsamento entre o comportamento magnético do muão e as previsões do modelo padrão.