Naquele que é o primeiro Relatório de Risco Global (Global Risk Report) em período pandémico destaca-se o impacto que esta crise sanitária, que arrasta todos os setores de atividade, está a ter nas gerações mais novas. Esta geração dita ‘pandemial’ (que junta pandemia com millennial) está a ser afetada pela segunda vez por uma crise global. Depois da bolha económica, de 2008, são agora engolidos pela crise pandémica, com impacto no acesso ao emprego, bem como na saúde mental e na formação. Fernando Lopes Chaves, da empresa especialista em análise de risco Marsh Portugal, parceira do Fórum Económico Mundial na elaboração do Relatório, reforça que a pandemia está a acentuar as desigualdades nestas camadas jovens, nomeadamente no acesso ao emprego e à educação. “Há toda uma população, a nível mundial, que por ter mais dificuldade de acesso a meios informáticos perde o comboio da digitalização”, sublinha. “As empresas vão começar a valorizar a capacidade de trabalhar à distância, mesmo em organizações em que anteriormente as competências digitais não eram relevantes.”
Já na sua 16ª edição, o Relatório avança uma lista de riscos, para um horizonte temporal de dez anos. Não será surpresa para ninguém, verifica-se que a Covid-19 terá um impacto profundo na forma como as organizações interagem com os seus clientes, mesmo após a vacinação massiva da população. Um dos riscos acentuados pela pandemia foi precisamente o da guerra cibernética, que se tornou numa realidade diária. “À medida que as empresas transformam os seus locais de trabalho, surgem novas vulnerabilidades. A rápida digitalização está a fazer crescer exponencialmente as exposições cibernéticas; a disrupção das cadeias de fornecimento está a alterar radicalmente os modelos de negócio; e o aumento de questões de saúde mais críticas acompanha os colaboradores na mudança para o trabalho remoto,” afirma Carolina Klint, Risk Management Leader, Continental Europe, da Marsh.
Já o relatório de 2006 apontava para o risco de uma pandemia nos dez anos seguintes, havendo ainda um destaque sobre a forma como a gripe afetaria o mundo, lembra o especialista em análise de risco, Fernando Lopes Chaves. No relatório do ano passado, a pandemia surgia no décimo lugar em termos de impacto, mas com uma baixa probabilidade de ocorrência. “Um dos grandes ensinamentos do período que estamos a viver é que as organizações não devem olhar só para riscos de alto impacto/alta probabilidade, mas também para os riscos escondidos”, nota.
É por isso que se torna cada vez mais comum as organizações terem a figura do gestor de risco, que também tem como função sensibilizar os colaboradores para a questão. “É preciso promover em cada um a consciência do risco. A organização pode ter as melhores firewalls do mundo, mas se um colaborador não tiver noção do que é um email de fishing torna-se vulnerável”.
Outra grande lição é que não podemos pensar em risco de forma isolada, com estes “novos riscos do nosso novo mundo.”
Conheça o Top 10 do Relatório de Risco Global do Fórum Económico Mundial
Top 10 Riscos por Probabilidade
1. Clima Extremo
2. Fracasso na ação climática
3. Danos ambientais causados pela humanidade
4. Doenças infeciosas
5. Perda da biodiversidade
6. Concentração do poder digital
7. Desigualdade digital
8. Quebra das relações entre Estados
9. Fracasso da cibersegurança
10. Crises de subsistência
Top 10 Riscos por Impacto
1. Doenças infeciosas
2. Fracasso na ação climática
3. Armas de destruição em massa
4. Perda da biodiversidade
5. Crises de recursos naturais
6. Danos ambientais causados pela humanidade
7. Crises de subsistência
8. Clima extremo
9. Crises financeiras
10. Colapso das Infraestruturas de TI