O nylon é uma das fibras sintéticas mais usadas em têxteis, mas a produção de e-têxteis tem permanecido por desenvolver, devido à dificuldade de se atingir a fase piezoelétrica neste material. Agora, uma equipa liderada por Kamal Asadi, do Instituto Max-Planck, e que conta Paulo Rocha, investigador português do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, afirma ter fibras de nylon piezoelétrico.
Os materiais piezoelétricos “são amplamente usados em aplicações de sensores e estão entre os candidatos viáveis para a captação de energia de vibrações mecânicas, como o movimento corporal. Em média, o nosso corpo produz cerca de 100 W. Então, por que não usar esta fonte de energia?”, contextualiza Paulo Rocha. A equipa conseguiu demonstrar a fase piezoelétrica nestas fibras e, “considerando o facto de que os nylons são materiais muito procurados na indústria têxtil, a demonstração de fibras de nylon piezoelétrico será um avanço substancial na indústria”, conclui o investigador português.
Este avanço só foi possível com o uso de uma “mistura de solventes e técnica de eletrofiação [técnica que permite a produção de nanofibras], que permitiu a fabricação de fibras com diâmetro bem controlado na fase cristalina piezoelétrica desejada. As fibras de nylon piezoelétrico presentam uma resposta eletromecânica muito forte quando recebem impactos mecânicos. Além disso, propomos um método para aumentar ainda mais a atividade piezoelétrica das fibras de nylon», descreve o comunicado de imprensa.
Estes materiais vão poder ser usados pela indústria no desenvolvimento de aparelhos inteligentes mais acessíveis ou mesmo virados para a geração de energia portátil. O trabalho completo foi publicado online.