É mil vezes mais pequeno, cem vezes mais barato e será tão ou mais eficaz do que os seus antecessores. O satélite uPGRADE, a ser desenvolvido por um consórcio internacional, liderado pela empresa portuguesa Spin.Works, irá medir alterações na gravidade terrestre e detetar a ocorrência de sismos. Estes dados podem ser cruciais para se compreender as alterações no clima terrestre – através da deteção do movimento das massas de gelo – e também para o estudo de sismos.
Além do desenvolvimento da plataforma, “a Spin.Works será responsável pelos sistemas de controlo de orientação e órbita e pelo desenvolvimento, integração e qualificação para o espaço e industrialização em pequena escala do computador de bordo e dos sensores de estrelas”, diz Tiago Hormigo, engenheiro aeroespacial e fundador da empresa. Assista à conversa no Live da Exame Informática.
O satélite gravimétrico uPGRADE vem complementar o trabalho já feito por outras missões da NASA, como a GRACE, lançada há 15 anos, e a GRACE FO, há dois, sendo no entanto um satélite de dimensões muito reduzidas, cabendo na categoria de nano-satélite. Esta miniaturização no entanto não compromete a qualidade dos dados nem a fiabilidade da missão.
Os sensores a bordo do nano-satélite permitem garantir que “todas as acelerações não-gravitacionais (incluindo o atrito atmosférico e a pressão da radiação solar sofridos a altitudes orbitais) são medidas de forma “limpa” pelo acelerómetro, e separadas claramente do sinal gravitacional”, explica Tiago Hormigo. “Só após um processo sistemático de remoção das diferentes fontes de aceleração é então possível ‘ver’ as alterações temporais no campo de gravidade da Terra.”
A participação portuguesa no projeto inclui ainda a Universidade do Minho e o Instituto Ibérico de Nanotecnologia, no desenvolvimento do principal instrumento científico da missão – o acelerómetro de alta precisão – e o ISQ, onde serão feitos os testes mecânicos, elétricos e térmicos.