O programa chama-se Conceitos Inovadores Avançados da NASA (NIAC no acrónimo em inglês) e anunciou esta semana os 23 projetos futuristas que vão receber um total de sete milhões de dólares, cerca de 6,4 milhões de euros ao câmbio atual, de financiamento para que os conceitos propostos possam ser desenvolvidos. E a lista revelada pela NASA é uma verdadeira sucessão de ideias ‘fora da caixa’.
Uma das que captou maior atenção mediática é a que propõe a transformação de uma cratera no lado oculto da Lua num radiotelescópio gigante. Justamente por estar no lado oposto à face que é visível da Terra, este telescópio, denominado de LCRT, permitiria a medição de ondas de rádio que não são possíveis de captar com precisão a partir da Terra ou em satélites que estão em órbita.
O radiotelescópio, propõem os autores da ideia, teria um quilómetro de diâmetro e seria instalado numa cratera que tivesse entre três a cinco quilómetros de diâmetro. O LCRT “pode permitir descobertas científicas tremendas na área da cosmologia observando os primórdios do Universo na banda de frequência [equivalente] entre 6-30MHz, que ainda não foi explorada pelos humanos até à data”, lê-se na proposta.
Sente-se desafiado pela audácia deste projeto? Então saiba que há muitas mais ideias deste calibre no novo roteiro de estudo e desenvolvimento da NASA. A lista pode ser consultado na íntegra aqui, mas destacamos alguns exemplos: a criação de satélites que se transformam sozinhos, a utilização de antimatéria para desacelerar sondas no espaço, a criação de uma astrofarmácia no espaço e ainda a realização de viagens a Marte em apenas dois meses graças a foguetões movidos a plasma.
Nem todos os projetos que vão receber financiamento nasceram agora: alguns já receberam apoios ao desenvolvimento no passado e avançaram agora em estágio de maturidade, daí que na lista sejam classificados como projetos de Fase I, Fase II ou Fase III.
A NASA espera que alguns destes projetos contribuam com descobertas que possam ser “relevantes” no programa Artemis, que prevê uma missão tripulada à Lua já em 2024, e também no “estabelecimento sustentável” de presença na e em torno da Lua no ano de 2028.
“Estamos entusiasmados com os novos conceitos e por ver como tempo e recursos adicionais fazem avançar a investigação dos projetos de Fase II e Fase III”, comentou em comunicado Walt Engelund, administrador de programas do Diretório de Tecnologias para Missões Espaciais (STMD na sigla em inglês) da agência espacial.
Mediante a fase do projeto, o financiamento e tempo de desenvolvimento variam: os projetos de Fase 1 recebem o equivalente a 115 mil euros para nove meses de desenvolvimento; os de Fase 2 recebem 450 mil euros para dois anos; e o único que existe de Fase 3 – criação de uma missão para fotografar com detalhe um planeta fora do Sistema Solar – vai receber 1,8 milhões de euros para dois anos de trabalho.