O sinal de rádio para desativar o Spitzer vai ser enviado esta quinta-feira e demorará dez minutos a chegar até ao telescópio, a milhões de quilómetros de distância. Esta será a transmissão que fará com que o Spitzer entre em modo de segurança e passe o comando para o Goldstone Deep Space Communication Complex, na Califórnia. As observações que o Spitzer realizou vão ser continuadas depois pelo telescópio espacial James Webb.
O Spitzer foi lançado para o espaço em 2003, a partir da Florida e à boleia de um foguetão Delta II, com o objetivo de estudar as estrelas, os exoplanetas e as galáxias em infravermelhos, uma área do espetro eletromagnético no outro lado da luz visível. O início das observações do Spitzer marca uma era na astronomia, uma vez que é difícil regista-las a partir de Terra, devido ao efeito de filtro que a nossa atmosfera cria. Este telescópio não foi o primeiro do seu género, mas marca a diferença por ter mais capacidades e por ter sido desenvolvido para durar mais tempo em operação.
A primeira observação, feita uma semana depois de chegar ao espaço, mostrou a formação de estrelas em nuvens turbulentas de gás e poeiras e Michael Werner, um astrónomo que acompanha o projeto do Spitzer desde 1983, lembra que «pudemos ver logo que estavamos num novo regime no que diz respeito à astronomia infravermelhos».
O Spitzer contribuiu para moldar o conhecimento dos cientistas sobre o universo e a forma como as estrelas têm origem. O aparelho foi usado juntamente com o Hubble para ver a galáxia mais distante de sempre, descobrir galáxias anãs a milhões de anos luz de distância e dar visibilidade sem precedentes sobre o espaço, recorda a Wired.
O telescópio não apresenta qualquer limitação técnica que o impeça de continuar as observações, mas a decisão de desativação por parte da NASA deve-se à necessidade de alocar recursos ao observatório de infravermelhos de próxima geração. O trabalho vai ser continuado agora pelo telescópio James Webb, que tem mil vezes mais capacidade e que deve ser lançado para o espaço em março de 2021.