Investigadores das Faculdades de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e de Ciências do Desporto e Educação Física (FCDEF-UC) da Universidade de Coimbra desenvolveram uma metodologia que permite identificar os percursos de bicicleta que podem ter maior exposição à poluição dentro de uma cidade. As conclusões do projeto, que tem por objetivo fomentar alternativas de mobilidade mais saudáveis e menos poluentes, mereceram a publicação de um artigo científico na revista Transportation Research D. Durante os testes realizados, foi possível identificar percursos que apesar de mais longo poderiam reduzir em 30% a exposição de um ciclista à poluição na atmosfera.
A nova metodologia foi desenvolvida durante o projeto Soft Modes Modelling in Urban Trips (SoMoMUT) e pretende combinar variáveis relacionadas com o esforço, o tempo exigido, o esforço e a distância de diferentes percursos.
Para validarem o novo modelo que tem em conta estas variáveis, os investigadores levaram a cabo testes comparativos entre dois trajetos alternativos entre os Polos II e Polo I da Universidade de Coimbra. Um dos trajetos seguiu pela rua do Brasil e rua dos Combatentes da Grande Guerra; enquanto um segundo propunha a passagem pelo Parque Verde, seguindo pela Rua Ferreira Borges e a Avenida Sá da Bandeira.
No final, os investigadores da histórica universidade concluíram que o percurso que previa a passagem pelo Parque Verde e a Avenida da Sá da Bandeira permite reduzir 30% dos gases poluentes inalados – apesar de implicar um acréscimo de cinco a seis por cento na distância percorrida.
«O esforço total despendido pelos ciclistas em ambos os trajetos é praticamente o mesmo, ou seja, a rota do Parque Verde não exige nenhum esforço adicional, embora seja mais longa, e até requer menos esforço médio nas subidas», refere no comunicado da Universidade de Coimbra Anabela Ribeiro, professora do Departamento de Engenharia Civil da FCTUC e investigadora do Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente (CITTA).
Além do potencial para a escolha do traçado de uma ciclovia, o modelo também poderá revelar-se útil para o cidadão decidir que caminho seguir. E por isso, os investigadores da Universidade de Coimbra já começaram a trabalhar em novas fases de desenvolvimento da metodologia trabalhada durante o projeto SoMoMUT. O desenvolvimento de uma plataforma amiga do utilizador final é uma das hipóteses sobre a mesa.