Tem planos para 2037? Se a resposta for negativa, então fique sabendo que possivelmente terá um ponto em comum com a Agência Espacial dos EUA (NASA): Um relatório publicado pelo IDA – Instituto de Políticas da Ciência e da Tecnologia, dos EUA, conclui que não será possível ao programa espacial americano lançar uma missão espacial tripulada com humanos até Marte em 2033, como foi admitido anteriormente. Nas contas dos peritos que participaram no relatório, essa missão que promete alargar a presença humana no sistema solar não deverá acontecer antes de 2037 – na melhor das hipóteses.
«A nossa análise prevê que uma missão orbital em Marte não deva acontecer antes da janela (de oportunidade) orbital de 2037, se não houver um grande desenvolvimento tecnológico, atrasos na agenda, custos excessivos, ou riscos de falta de orçamento», refere o relatório do IDA, citado pelo site SpaceNews.
O relatório, que foi solicitado pela NASA ainda antes da decisão do presidente Donald Trump ter apontado um regresso à Lua com missões tripuladas na próxima década, tem por ponto de partida o plano de exploração espacial arquitetado para os próximos anos.
Nos planos da agência espacial americana figuram missões espaciais com o denominado Sistema de Lançamentos Espaciais e a nave espacial Orion. Também se prevê a instalação do Gateway Lunar algures na década de 2020 e de um dispositivo batizado de Transporte Para o Espaço Profundo (DST), que deverá executar órbitas cislunares (entre a Terra e a Lua) servindo de ponto de lançamento de missões para Marte.
O DST não escapa ao ceticismo do relatório do IDA: para que possa estar ativo em 2033 a tecnologia de propulsão e suporte de vida desse veículo espacial terá de ser testada e tecnicamente comprovada até 2022 – e é improvável que essa prova de fogo aconteça nos próximos três anos. E mesmo que aconteçam esses testes não há qualquer garantia de que as propostas tecnológicas que sejam levadas a cabo nessa altura não revelem falhas ou lacunas que obriguem a rever arquiteturas e sistemas que terão de seguir a bordo do DST.
Os peritos também admitem que este desafio possa ser superado acelerando os trabalhos de investigação, mas essa opção tem custos que poderão ir além dos tetos orçamentais. As restrições de agenda e de orçamento tornam inviável não só uma missão espacial durante a janela de oportunidade orbital que deverá acontecer em 2033, mas também tornam inviável qualquer lançamento em 2035 (quando essa janela de oportunidade se repetir). O que deixa como possibilidade viável mais próxima um lançamento de uma missão tripulada em 2037.
Os custos dessa ida a Marte estão estimados em 120,6 mil milhões de dólares (cerca de 107,1 mil milhões de euros). Este valor pode ainda ser analisado num plano mais abrangente: tendo em conta os custos previstos para missões de apoio em órbitas terrestres, missões tripuladas na Lua, e o desenvolvimento de sistemas de apoio para as operações em Marte, que poderão ser usados em missões subsequentes, tudo leva a crer que o orçamento suba para os 217,4 mil milhões de dólares (cerca de 193,11 mil milhões de euros).
Entre as estimativas apontadas pelo relatório, destaca-se o regresso à Lua da missão tripulada americana que está apontada para 2024: 2,4 mil milhões de dólares (2,13 mil milhões de euros). Este valor não tem em conta os custos de desenvolvimento de diferentes equipamentos que poderão estar associados a esta missão.