Adyasha Maharana e Elaine Okanyene Nsoesie, duas investigadoras da Universidade de Washington, acabam de desenvolver uma nova perspetiva para o estudo da obesidade na atualidade. Com o recurso a 150 mil imagens de satélite do Google Maps, as investigadoras da universidade americana surpreenderam meio mundo com um artigo no Journal of the American Medical Association que dá a conhecer o potencial de uma ferramenta que recorre a imagens captadas no Espaço para fazer estimativas relativamente à obesidade da população de uma cidade.
De acordo com a revista Science, as duas investigadoras focaram esforços na análise das imagens de satélite de quatro cidades: Los Angeles, Memphis, San Antonio e Texas. A análise contou com a ajuda preciosa de uma rede neural, cujos algoritmos foram “ensinados” a detetar espaços verdes, número de estradas ou dimensões e tipologia de edifícios. A estes dados juntou-se ainda informação sobre os rendimentos das famílias em diferentes bairros.
Com toda esta informação, a investigadoras ficaram em condições de apurar se uma determinada cidade está ou não devidamente equipada para potenciar o exercício físico da população. O que também se revelou meio caminho andado para apurar dados quanto à obesidade média de uma cidade.
Segundo o artigo publicado no Journal of the American Medical Association, as estimativas levadas a cabo a partir da análise de imagens de satélites permitiram chegar a estimativas mais precisas que aquelas que, atualmente, já são feitas a partir do número de restaurantes e ginásios existentes numa determinada cidade. Apesar de confirmarem a validade dos resultados apurados pelos algoritmos, as investigadoras recordam que a análise de imagens de satélite apenas pretende atuar como um complemento face a outros métodos estatísticos que já são usados na atualidade.
Nos tempos mais próximos, as técnicas de análise de imagens de satélites para efeitos de saúde pública poderão ser refinadas com dados de âmbito socioeconómico ou mesmo tendo em conta a predominância racial de um ou mais bairros.
«Este estudo ilustra que as redes neuronais convolucionais podem ser usadas para a extração de dados automática de uma ambiente edificado a partir de imagens de satélite para o estudo de indicadores de saúde. Perceber a associação de funções específicas do ambiente edificado e a prevalência da obesidade pode levar a mudanças estruturais que podem encorajar a atividade física e a prevalência da obesidade», referem as conclusões do estudo levado a cabo pelas duas investigadoras da Universidade de Washington.