Nas imediações de Van Horn, no oeste do Texas, há uma montanha que tem vindo a ser esventrada com o propósito de garantir a hora certa durante os próximos 10 mil anos. Ainda não há uma data para a conclusão do projeto Long Now – mas os o relógio de aço, que mede mais de 60 metros de altura, já começou a ganhar forma.
O futuro relógio do Texas não é o primeiro do género: no final de 1999, um primeiro modelo criado pelo especialista em tecnologias Danny Hillis deu as badaladas na entrada no novo milénio. Esse primeiro modelo, com uma escala bem menor, encontra-se agora num museu londrino. Passados 15 anos, a versão maior começa a ganhar forma – no meio do deserto texano. O que implica alguns cuidados adicionais, como a colocação duas portas capazes de impedir a entrada de pó e animais selvagens nas galerias que albergam a engrenagem o futuro relógio.
A descrição de alguns componentes ajuda a compreender a complexidade da estrutura: o relógio deverá ter discos de mais de 4500 quilos que funcionam como contrapesos que ajudam a manter o funcionamento dos diferentes mecanismos; há um dispositivo que permite dar corda ao relógio, mas serão precisas duas ou três pessoas para o ativar.
De qualquer modo, o ato de dar corda pode ser apenas uma “formalidade”: na página oficial projeto, os mentores do Long Now explicam que o futuro relógio milenar terá capacidade para se manter em funcionamento mesmo que ninguém o visite e lhe dê corda. E é esse o principal “segredo” deste relógio: todo o mecanismo está a preparado para captar a energia libertada pela amplitude térmica da montanha, que chega a superar os 10 graus centígrados entre as temperaturas registadas durante o dia e durante a noite. Esta energia serve apenas para manter o relógio a acompanhar a passagem do tempo.
No que toca ao mostrador, será sempre necessária intervenção humana. O que significa, independentemente do tempo que fica sem visitas, a hora só será acertada quando alguém se dispuser a entrar no relógio.
Não será propriamente o melhor relógio para manter a pontualidade no dia-a-dia, mas promete juntar à longevidade uma boa dose da criatividade: o Long Now está equipado com um gerador de sons, capaz de produzir mais de 3,5 milhões de “badaladas” únicas. Os sons têm a assinatura de Brian Eno.
The Clock of the Long Now from Public Record on Vimeo.